Freitas, a Europa e a gripe das aves
De visita à capital russa, Freitas do Amaral não pôde assistir a reunião que decorreu no Luxemburgo, sobre a gripe das aves, nem à conferência de imprensa de Dias da Cunha, sobre a demissão de Peseiro. No entanto, o ministro dos negócios estrangeiros de Portugal deu a mesma garantia de Sócrates, que, na altura, viajava no Metro do Porto, acompanhado por Valentim Loureiro: não há razões para entrar em pânico. O que há neste momento é uma ameaça que se está a aproximar da Europa. Mas ainda não há nenhum caso concreto, garantiu o ministro, que na reunião da UE esteve representado pelo secretário de Estado dos Assuntos Europeus e da Gripe das Aves.
Por nosssa parte, apenas podemos respirar de alívio, graças a estas certezas metafísicas emitidas por este doutor, agregado e catedrático de direito, bom conhecedor de geografia e dos meandros epidémicos dos galináceos. A pátria do cantar à galo de barcelos ainda confia, porque o nosso é feito de barro. Mas como dizia um jornalista da Patagónia, presente na conferência de imprensa da Academia de Alcochete, isto da gripe não passa de uma manobra conjugada das multinacionais suíças produtoras da vacina e dos que pretendem que se vote sim no próximo referendo da Constituição europeia. Por nós, apenas nos recordamos que, nos anos de 1917-1918, vimos a democracia ser afectada pela fome (com assalto a armazéns de víveres), pela peste (a gripe espanhola, dita pneumónica) e pela guerra (a grande guerra), uma tríade que foi acompanhada pelas aparições de Fátima, pela revolução bolchevique e pela subida de Sidónio Pais ao palácio de Belém, primeiro, a tiro, e depois, pelo sufrágio universal e directo.
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