a Sobre o tempo que passa: Os rugidos vingativos do velho leão marinho...

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

22.10.05

Os rugidos vingativos do velho leão marinho...



Entre as muitas histórias que consegui captar na Madeira, contam-me que na República Suserana das Ilhas Selvagens, a foca nomeada secretário de estado dos assuntos externos de tal parvónia acaba de nomear uma comissão de sábios para a definição do perfil dos faroleiros de costa. Para o efeito, recorreu naturalmente aos docentes das várias tocas, ditas escolas, onde se formam os quadros especializados em tão luminosa tarefa. Segundo dizem círculos geralmente bem informados na leitura de tais decretinices, parece que, numa das tocas, escolheram os subsábios auxiliares, para irritarem os que institucionalmente deveriam ser chamados a cooperar. Os inspiradores da tramóia terão sido certas focas de corredor que tinham umas vingançazinhas a executar por razões de antigas histórias partidárias e de outras imparcialidades, constando também que não faltou a inspiração de um velho lobo marinho que já há muito saiu de tal toca, mas que continua a tocar todos os dias o hino do "depois de mim, o dilúvio".



Tal espécie bem protegida terá como "hobby" favorito tentar decepar o carácter daqueles que rejeita como crias, mal estas começam a poder pensar pela própria cabeça e até se associam a medidas de adequada profilaxia ecológica contra a importação de espécies exóticas predadoras, para as quais o dito cujo meteu rugidos de cunha, aliás, transmitidos em directo pela televisão local, cujos sinais hertzianos conseguiram ser captados na vizinha República das Desertas. Como se toda a república dita selvagem tivesse que pagar a frustração do dito leão, mais uma vez, ter desistido de apresentar a respectiva candidatura à suprema magistratura dessa antiga sede de um velho império. Não por causa do inexistente limite de idade, mas porque, para manter a respectiva continuidade acumulativa de reformas e pensões, a que acrescem alguns proventos nomeativos mais recentes, emitiu certa literatura de justificação, segundo a qual quem geriu em plenificação autoritária, mais de meia dúzia de novas repúblicas actualmente soberanas, não aceita agora os incómodos políticos deste mero quintal, donde apenas aceita ser embaixador no Vaticano ou candidato a presidente do conselho de segurança da ONU, porque o foca seu rival, mas agora aliado, já andou pela assembleia geral do clube.