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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

17.11.05

O choque em cadeia das presidenciais ameaçando a blogosfera



Vários candidatos presidenciais, marcados pela vertigem eleitoralista, chocaram-se hoje, em plena campanha. Para alguns, o culpado foi, mais uma vez, o fatídico nevoeiro sebastianista. Para outros, os defeitos da condução. Julgamos que se todos fossem de burro, haveria menos chapa batida.

Acontece, contudo, que nas minhas peregrinações pelos parceiros da blogosfera, cheguei à triste conclusão que este campanheirismo presidencial transformou vozes até aqui independentes em simples militantes desse efémero, sendo raros os blogues de referência de alguns destacados apoiantes do cavaquismo, do soarismo e do alegrismo que conseguem escapar à tentação. Alguns deles, praticamente deixaram de ver mais mundo, para além das virtudes dos candidatos que apoiam, deixando-nos empobrecidos. Ben preferiria que reservassem o propagandismo para os blogues colectivos e não-oficiais das comitivas candidatas.

Apenas apetece dizer que neste Novembro de dias cada vez mais curtos, cada vez mais frios, quando nos revestimos de lã e acendemos as lareiras, vai apetecendo o calor do lar vencendo a solidão da revolta. Porque o cair da folha é apenas sinal de um renascer que há-de florir na primavera. E como todos os outros, eis que me resguardo em semente preparando o regressar do sol, esperando que ele trespasse as vidraças que me aconchegam, para que as fibras do sonho mobilizem o torpor.