Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...
• Bicadas recentes
Estes "breves aforismos conspiradores, sofridos neste exílio interno, lá para os lados de São Julião da Ericeira, de costas para a Corte e com os sonhos postos no Atlântico..." começaram a ser editados em Setembro de 2004, retomando o blogue "Pela Santa Liberdade", nascido em Maio de 2003, por quem sempre se assumiu como "um tradicionalista que detesta os reaccionários", e que "para ser de direita, tem de assumir-se como um radical do centro. Um liberal liberdadeiro deve ser libertacionista para servir a justiça. Tal como um nacionalista que assuma a armilar tem de ser mais universalista do que soberanista". Passam, depois, a assumir-se como "Postais conspiradores, emitidos da praia da Junqueira, no antigo município de Belém, de que foi presidente da câmara Alexandre Herculano, ainda de costas para a Corte e com os sonhos postos no Atlântico, nesta varanda voltada para o Tejo". Como dizia mestre Herculano, ao definir o essencial de um liberal: "Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las"......
Este portal é pago pela minha bolsa privada e visa apenas ajudar os meus aluno. Não tive, nem pedi, qualquer ajuda à subsidiocracia europeia ou estatal
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O 17 de Abril de 1969, escola dos ministros do estadão de hoje e a baía dos porcos, com Filipe II à mistura
Foi há pouco mais de um quarto de século, há tanto tempo. Em Portugal, vivíamos a guerra de Angola, da Guiné e de Moçambique e estávamos prestes a inicial a chamada primavera marcelista. A nossa esquerda continuava a traduzir a França em calão e com algum atraso, pelo que o Maio de 1968 nos chegou em Abril de 1969, com a chamada crise universitária de Coimbra.
Foi há pouco mais de um quarto de século, há tão pouco tempo. A Primavera ainda não voltara a florescer em Praga, onde ainda permaneciam os tanques do Pacto de Varsóvia; a Primavera ainda continuava a ser reprimida na Polónia de Walesa, na Rússia de Soljenitsine, na Hungria, na Roménia, na Bulgária em em todas aquelas pátrias onde a lógica de um comité central continuava a negar a evidência de ser o homem que faz a história e não a história que faz o homem. Porque, como dizia Winston Churchill (1874-1965), os regimes de liberdade, apesar de serem os piores de todos os regimes políticos, são, contudo, os menos péssimos de todos…
Aliás, para entendermos a temperatura da sociedade portuguesa de então, basta relermos Maio e a Crise da Civilização Burguesa, da autoria de António José Saraiva, bem como a contestação da mesma obra levada a cabo por Mário Sottomayor Cardia, intitulada Sobre o Antimarxismo Contestatário ou as Infelicidades de um Jadonovista Ofuscado pelo Neocapitalismo, onde o posterior ministro da Educação invocava a ortodoxia marxista-leninista para rebater o típico caso do ideólogo que volta as costas às raízes da sua própria ideologia.
Saraiva tinha assinalado que o mais importante de tudo o que fica deste acontecimento (Maio francês) é a revolução cultural. Cardia replicava, dizendo que Saraiva não poderia ter descoberto terreno ideológico mais favorável à transplantação dos velhos temas sebastianistas do Quinto Império.
Cardia ainda acreditava que o marxismo … abre perspectivas radicalmente inovadoras e coerentes com o desenvolvimento da globalidade das criações humanas e que o socialismo realizou e realiza na União Soviética e no conjunto dos países da Europa do leste… obra de grandeza verdadeiramente ímpar na história humana.
Por cá o heroísmo antifascista dos líderes estudantis iria em breve ceder ao método da barganha e dos salamaleques de Corte. Não tardaria que uma delegação dos estudantes visitasse o presidente Américo Tomás, para fazerem as pazes, naquilo que alguns viram traição e outros manha de animal político. Um dos líderes, aliás, começava assim uma auspiciosa carreira que o levaria ao pintasilguismo e à posterior adesão ao PS, onde chegaria a ministro da reforma do mesmo estadão com quem se reconciliara em autoritarismo, sendo hoje o emérito líder parlamentar do partido que em 1969 estava a quatro anos de ser fundado.
Na altura, eu ainda era mero estudante liceal de Coimbra e observava a coisa de fora, reparando como os adversários do processo praticavam os métodos que imputavam ao adversário. Lembro-me de ter andado pela universidade a reparar na lista e nas fotografias dos "traidores", que era como chamavam aos adevrsários que não aderiram à greve, e até poderia reparar nas cenas de violência praticadas nos domicílios de alguns deles, por acaso mulheres e por acaso com uma delas grávida. Estórias que a história dos vencedores não gosta de registar.
Não se ficam por aqui as efemérides de hoje. Acrescente-se que o inventor das novas fronteiras, um tal John Kennedy, considerado o ídolo político de Pedro Santana Lopes e José Sócrates, autorizava o desembarque na Baía dos Porcos, uma falhada operação da CIA, realizada nesta data do ano de 1961, visando derrubar o nascente regime de Fidel de Castro.
E mais uma efeméride que ontem devia ter assinalado: a eleição de Filipe II de Espanha como rei de Portugal, nas cortes de Tomar.
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