a Sobre o tempo que passa: Uma direita com bicos de papagaios, muitas gralhas e outras tralhas

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

7.5.06

Uma direita com bicos de papagaios, muitas gralhas e outras tralhas

Com Freitas absolutamente possesso com as parangonas do Expresso que desmente categoricamente, outras categorias da direita lusitana se passearam: Marques Mendes foi a Setúbal comemorar o aniversário do PPD/PSD, num jantar equivalente ao que Luís Filipe Vieira costuma fazer aos fins de semana, numa das casas do Benfica, dado que, com as directas, os nossos partidos passam a disputar o terreno de participação cívica que mobiliza os adeptos para as eleições dos nossos grandes clubes de futebol.

Já na Batalha, o CDS/PP ficou clarificadamente dividido, entre 42% de tralha portista e os 57% de seguidores do método naranal de apoio dos notáveis a líderes de transição, para que uma gerontocracia ainda mais tralhosa possa sonhar com um regresso a São Bento, contrariando-se o desejo da histórica Maria José Nogueira Pinto, que entrou no partido já depois de ser subsecretária de Estado do PSD de Cavaco, onde terá feito camaradagem com o então dissidente freitista, Ribeiro e Castro, que, na altura, não se dizia conservador, católico e de direita.

João de Almeida, com nome de guerra, mas cara de quem insulta os óculos de Sousa Franco, em nome de uma estética da linha do Estoril, acabou por não ser um novo Manuel Monteiro, isto é, uma criatura de um velho criador, agora colectivo, até porque nos parece bem mais geronte do que era o antigo aliado do semanário Independente, quando Paulo Portas, em aliança com os fabricantes da agenda mediática, transformaram o CDS, vindo do segundo freitismo anticavaquista, num espaço laboratorial de experimentação e de conquista do poder, em aliança com alguns advogados de legítimos interesses e de certos líderes de associações patronais.