a Sobre o tempo que passa: Sem simbolismo e com muita ironia, voltemos à vaca fria...

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

12.3.08

Sem simbolismo e com muita ironia, voltemos à vaca fria...


Imagem picada em Vox populi


Voltando ao tempo que passa sem saudades de futuro, lá tenho de contabilizar Sócrates e dizer sobre o sistema o que, aqui, tenho vindo a dizer: que o PM corre o risco de ser uma espécie de coveiro do sistema, dado que se tem vindo a confundir o sistema com o regime, criando-se um modelo onde só há alternância dentro do bloqueio central da partidocracia, não havendo as alternativas necessárias, nomeadamente a alteração dos partidos, como fizerem, na última década, todos os nossos imediatos vizinhos territoriais e económicos da Europa Ocidental.


Podemos vir a ter uma espécie de democracia sem povo, dado que todos os militantes activos de todos os partidos nem metade dos professores manifestantes conseguiriam mobilizar. Não assumem que vivem um situacionismo de bonzos, canhotos e endireitas com sinais inequívocos de amplas zonas de ditadura da incompetência, como se dizia no crepúsculo da Primeira República, mas onde também já não há a saída da mudança de regime pelos enviados da cavalariça ou da sacristia.


Estamos entupidos, sem saídas para as colónias, como aconteceu nos tempos do regicídio ou do 5 de Outubro, ou o encontro com o D. Sebastião da integração europeia, como sucedeu depois de 1974. Isto é, temos de viver com aquilo que temos e não sabemos organizar o trabalho nacional pela meritocracia e pela justiça de tratar o desigual, desigualmente. E Sócrates, Menezes e Portas não são causas. São meras consequências que deveriam ser tratados como sintomas para a urgente regeneração de uma política, onde a maioria dos factores de poder já nem são nacionais.


Aliás, hoje, o JN traz pedaços do que há mais de uma semana declarei: se o primeiro-ministro adoptar "medidas de grande fulgor e não de penso-rápido, talvez ainda capte o um milhão de eleitores do centrão político ". Uma força de elite para o combate ao crime de colarinho branco para travar o sentimento de impunidade nos crimes de corrupção é um outro conselho deste especialista.


Se o primeiro-ministro adoptar "medidas de grande fulgor e não de penso-rápido, talvez ainda capte o um milhão de eleitores do centrão político ". Uma força de elite para o combate ao crime de colarinho branco para travar o sentimento de impunidade nos crimes de corrupção é um outro conselho deste especialista.


Até admito, ironicamente, que Sócrates faça um golpe de asa e proceda a uma remodelação 'in extremis', ainda antes de 2009, para conquistar o Centrão. Indo "arranjar alguns ministros de Direita", como fez com Freitas do Amaral em 2005. Maria José Nogueira Pinto ou José Miguel Júdice.
PS:
Um aluno meu decidiu, hoje, elaborar um manifesto e, do seu bolso e mãos, fotocopiou-o e distribuiu-o, até por "mail". Não vou transcrevê-lo aqui, porque ele é muito feito daquelas circunstâncias que, fora da endogamia do claustro, não são passíveis de descodificação, porque ninguém conhece certas espécies exóticas da botânica tribal. Mas não posso deixar de o saudar e de transcrever a última parte. Obrigado, Bruno!


Não me deixes dormir
Nem me deixes acordar
Deixa-me só
saber sonhar

Não o sonhar de quem foge
Não o sonhar de dormir
É o sonhar de querer hoje
Um mundo urgente a construir

Sonhando preparo
Preparando faço
O que há a fazer

Se não o plantarmos
Como o poderemos colher?