a Sobre o tempo que passa: Entre a memória do sofrimento e as saudades de futuro

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

31.10.08

Entre a memória do sofrimento e as saudades de futuro



Depois de quase dois dias sem ligação à Internet, lá voltei ao mundo, graças ao engenheiro paquistanês que lá conseguiu refazer a ligação "wireless" ao canal da embaixada. Ao fim da tarde, foi uma breve viagem aqui à beira mar, mesmo ao lado do farol, onde se avistaram duas baleias passeando-se pela enseada de Dili.  Apenas digo que, tal como em Brasília, o meu ritmo de escritura e de investigação adequa-se ao trópico, sendo mobilizado para a elaboração de textos de apoio aos alunos. Por exemplo, nestes dias, refiz o esboço de tópicos políticos, como os que apresento na coluna à esquerda, neste blogue, e irei fazer uma pequena publicação sebenteira aqui em Dili, onde há grande imaginação criativa nestas matérias de edição electrónica de textos. Com efeito, uma nação em construção é um desafio constante à criatividade e permite alguma metafísica, a quem se deixar enredar por esta natureza das coisas e ainda tiver o encanto da visão do paraíso, sem estar preso a utopias do passado. Basta sairmos da cidade e percorrermos um pouco do espaço rural, para podermos compreender como, por aqui, há imensas saudades de futuro e uma juventude que coloca Timor Leste no pódio da taxa de natalidade. Talvez pela memória do sofrimento, onde a liberdade passa a ser uma conquista.

PS: Só hoje reparei que ainda tinha marcado no blogue a hora lisboeta. Aqui são sempre mais nove horas. A correcção passa a ser automática.