Postal Redondo. De Teresa Vieira
POSTAL REDONDO
Às vezes é assim: a necessidade de síntese obriga-nos a abandonar tudo o que não era ou não foi um princípio em si.
Há por instantes uma velocidade da luz planetária que nos corre os anos e nos descobre as verdadeiras razões. Aquelas que estão rentes ao dizer que se não diz.
Julgo que é nestes momentos que pintamos a cor mágica, aquela que só cada um entende a pigmentação, aquela que nos faz sentir mais sós num reino que se estende para além do conhecimento; esse mesmo que depois de juntas todas as peças, nos faz chegar ao tempo do não há mais tempo, a não ser para continuarmos a colocar o coração na mola do amor, aquela que um dia se fixou dentro de nós sem esforço e em jeito de véu.
Como aves, a cada dia, graduamos as penas ao impacto do voo.
E existe um laboratório dentro de nós. Nele colocamos os processos da alma e espreitamos pelas lupas dos microscópios as adaptabilidades que recusámos e as que desejámos e às quais acrescentamos ainda as sem escolha.
Sim! e há que sermos verdadeiros e reconhecermos que no fundo da lupa nos espreita a nossa própria íris, e dela como dos confins, surge-nos claro o novíssimo testamento, aquele que cultivámos por nosso e não nosso, aquele que significa o advento do daqui a pouco, corrigido, igual, diferenciado e sempre, sempre natureza.
Às vezes é assim: o homem é só uma medida e daí a urgência que se conheça como na realidade é, e para que dessa consciência retire o poder de cumprir uma missão, um propósito, uma intuição, uma serenidade.
Para tanto, aprenda-se a linguagem das causas e a do desprendimento. Construa-se a estrada circular que nos abraça nos medos, bem como aquela outra invisível: tão invisível que provará a vida para além da chamada morte, e então o que nos está a acontecer não irá provir de nenhuma espera. É um processo disponível,
e tudo o resto está na perpetuidade. No genial granjeio.
E de mãos dadas…
Teresa Vieira
Sec.XXI – 24.02.10
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