O apelo aos vivos. Uma razão que vença. De Teresa Vieira
Escutava através da rádio e tentava compreender no mínimo, as notícias espantosas acerca do início do universo quando, por lapso, acedi a um noticiário que relatava mais uma atribuição de milhões de euros a um outro gestor.
Cheguei a pensar tratar-se de um mau gosto criado expressamente para o dia das mentiras, mas não.
Se bem entendi ali o CERN (Concessão Empanturrada de Rendimento Nuclear) era outro. Ali a explicação do LHC (Lei do Homem Comum) acelerava de súbito as partículas do nosso entendimento, o que nos fazia compreender a atribuição do curioso nome de neutrinosaurus, à descoberta comprovada desta realidade, devido ao aspecto repugnante e à origem pré-histórica deste fenómeno que, à força de destruir qualquer réstia de pudor na sociedade, adquire a velocidade da luz enquanto espirra milhões de euros em indemnizações ou prémios ou outros quejandos, permanecendo milhões de portugueses no limiar da miséria ou em aflições inauditas.
Todos tínhamos, de um modo ou de outro, ouvido falar nestas pistas de partículas de fedentos milhões, atribuídos desabridamente e recebidos avidamente, como se a partícula de Deus ou o bosão de Higgs nunca provasse ou comprovasse a razão que leva a matéria composta de massa monetária (meios de pagamento em circulação), a criar os maiores e mais recentes buracos negros que a humanidade suporta viver enquanto a terra a engole a custos inimagináveis de não-vida.
Fomos colonizados pelo desprezo do homem pelo homem. Há um leque vastíssimo de realidades que não cabe na classificação humana.
Oxalá o “Big Crush” responda depressa e assertivamente.
O pânico da injustiça, tal como todos os pânicos, gera cinzas embravecidas e fazem-nos morrer a meia viagem. E eu quero para todos dias completos e gente por inteiro.
Sabe-se que em princípio qualquer espécie existente na natureza vai acabar por ser extinta: assim esta, a que se alimenta do alimento alheio, colida em feixes de protões da mesma índole e a força que a conduz à aniquilação, seja ela a antipartícula que gera inevitavelmente um novo início de futuro:
um apelo aos vivos. Uma razão que vença.
M. Teresa B. Vieira
Abril, 1.04. 2010 -sec.XXI
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