a Sobre o tempo que passa: Rebus, sic stantibus...ou fia-te na Virgem e não corras!

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

11.5.10

Rebus, sic stantibus...ou fia-te na Virgem e não corras!


Ontem, pela manhã, no Rádio Clube, lá recordei a noite política de sexta-feira e a chuvosa manhã de sábado. Com Sócrates, de Bruxelas, a ligar directamente a Passos, num telemóvel que não deve ser vermelho, mas utilizar a intermediação belenense...

Sábado, Cavaco, no país do chocolate, faz pressão e comentário político, põe Dona Maria com saudades da casinha do Allgarve, mas sem conseguir abrir gavetas, porque não se dá com a "very cleaver" arquitectura contemporânea das ferragens do clique, mas não tem suficiente informação sobre a reviravolta da eurofinança, ocorrida nessa madrugada diante de Barroso, depois deste ter recebido Passos Coelho, dias antes...

Mendonça, ex-fiel ortodoxo de Marx, vende banha de cobra ferroviária e invoca como bem exemplo de obra pública ferroviária a ponte de Salazar, em nome de novo mestre, Keynes, mas sem ler o livrinho que Professor Jacinto Nunes lhe vai dedicar...

Teixeira dos Santos lá deixa cair que vai haver aumento de impostos. Nunca mais leiam os lábios de Sócrates, que não é paradigma de "pacta sunt servanda"!

Há uma coisa que faz alterar promessas eleitoral e provoca revisões de contratos, com consequentes défices e derrapagens. Chama-se alteração anormal das circunstâncias (rebus sic stantibus) e até está consagrado nos Códigos Civis, incluindo o nosso, o de Salazar, mas que ainda não mudou de nome, como a ponte...

A República Portuguesa só é soberana através da gestão de dependências e pela navegação nas interdependências, da UE à NATO, do TGV à globalização, incluindo Papa e bolsas...

Se até agora vivemos acima daquilo que temos e produzimos, foi porque os manuais de macro-economia, invocados por Cavaco em Óbidos, nos mandaram ser utilitaristas, pelo máximo de prazer com o mínimo de dor, no âmbito da geofinança e dos especuladores. Logo, quem vai à guerra dá e leva e quem ganhou, agora perde, nesta sociedade de casino...

Aquilo que nos permitiu viver remediadinhos, mas entre os trinta primeiros do "ranking" mundial, no grupo dos mais ricos do mundo, mesmo sem produtividade, instrução, cultura e civismo, está agora a tramar-nos...

Agora, ai de quem queira fiar-se na Virgem e não corra. Vale mais fiar-nos no proteccionismo europeu, nas medidas para a recuperação e segurança da moeda única e, sobretudo, na "remuntada" da economia e das finanças das Espanhas e do chamado mercado ibérico. É o que vai acontecr, caso contrário, acaba o euro...

Passos e Sócrates vão namorar esta semana. Mas Bloco Central já não chega. PS mais PSD, diante de uma crise social sem justiça, podem vir a ser menos, se assim se somarem, do que foram PSD e PS sozinhos, em tempos de maiorias absolutas. Para haver povo, têm que chamar Jerónimo e Carvalho da Silva, Portas e Saraiva. A frente social de apoio, que ia de Joe Berardo a Ricardo Salgado, apenas folgava. Alargá-la a Jardim dá apenas défice de risada. O apoio a Alegre, mesmo com tele-evangelistas, não alarga. Até as IPSSs do Padre Maia e o Banco Alimentar da Isabel Jonet são urgentes! Mesmo que seja com Sócrates a seguir o exemplo patriótico de Gordon Brown...

PS: Imagem picada aqui