a Sobre o tempo que passa: Egipto: para que cada coisa tenha pelo menos duas. Por Teresa Vieira

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

12.2.11

Egipto: para que cada coisa tenha pelo menos duas. Por Teresa Vieira




Do que te envolve os pulsos
Do sono do teu perdão
Das guerras dos nados-mortos
Do fundo das inquietas frontes
Das saudades das esfinges
Dos livros encadernados de açúcar
Dos ouros em águas livres
Dos caminhos das perguntas
Da abolição dos pretextos
Da debilidade à força
De baixar o céu à terra
Ó Egipto
Ó promessa
Se ainda fosses capaz do imprescindível oficio
De voltares de parte alguma
E de nenhures criares
Sentido e vida ao teu gesto

Teresa Vieira
12.02.11
Sec XXI