a Sobre o tempo que passa: Mário Crespo: a construção de um barco é o maior contágio. Por Teresa Vieira.

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

11.2.11

Mário Crespo: a construção de um barco é o maior contágio. Por Teresa Vieira.



Ontem estive no lançamento do livro de poesia do Professor Doutor José Adelino Maltez cuja apresentação esteve a cargo de Mário Crespo.

Apenas conhecia o Jornalista Mário Crespo através do seu trabalho na televisão e particularmente através do noticiário das 21h na SIC noticias. 

Na minha opinião, um dos méritos que me tem resultado claro na postura de Mário Crespo no jornal a que me refiro, é o de não criar uma ilusão de participação no debate dos vários ângulos das realidades, mas antes tentar despoletar a luz mais assertiva das mesmas em seu preciso tempo.

Contudo, não queria deixar de fazer uma referência à busca de Mário Crespo para chegar ao ponto de encontro com a poesia.

Não é fácil apresentarmos um livro. Todavia, apresentar um livro de poesia é bem mais difícil, é bem mais arriscado, pois será sempre caminhar por sobre a pele do mar. 

E digo que Mário Crespo não hesitou! e no pedaço de tempo que lhe cabia, viveu a vida das palavras poéticas para no recordar-se compreender o que cada uma era.

As minúsculas chaves abrem os pêndulos de existências por dizer e nunca se diz tudo. E ele sabe-o.

Mário Crespo soube afirmar que a saudade de um futuro só reside no que ainda não foi vivido, se acaso a seiva das árvores a que se referiu, servir à construção dos barcos que mencionou, num jeito de nos navegar tão longe que a demora justifica o edificar de um mundo claro e raro.

Um mundo que não se quer à deriva.

Obrigada a Mário Crespo também em nome da minha escrita.

M. Teresa B. Vieira
11.02.11
Sec.XXI