Que sejas um pedro-engulho neste charco...
Ainda nada disse sobre o PS que agora diz não ser mais do mesmo e que não quer ser alternância, mas alternativa. Está clarificado. Chega.
Eis Sócratas, a nova era, a vida nova, a esquerda moderna, ainda não pós-moderna, a geração que usa teleponto, com jovens quarentões que prometem o elixir da juventude eterna, graças às formosas "barbies" que permanecem, graças às quotas e aos cotas. Vale-nos o velho Guerreiro, o Emídio que foi secretário-geral do PSD e que só por ser 104 anos foi considerado pela SIC um histórico do PS. Ele disse tudo: Sócrates é um "pedragulho" neste charco...
E é. Cita modernizadamente Kennedy, o John de quase há meio século, o tal que se foi em Dallas, depois ter ido com a mafia e a Marylin, e de nos ter mandado p´ró Vietname. Pois que prometa novas fronteiras, mas que não nos queira pôr na lua.
Infelizmente, Kennedy também é o ai-jesus de Santana Lopes. Porque Sócrates e Lopes são dois macacos para o mesmo galho, ou dois galifões para a mesma capoeira. Ambos cheiram a jovens educados pelo "hollywoodesco", com o novo líder do PS a estar mais próximo da mentalidade do cicneclubista de esquerda e o nosso primeiro a gostar mais da cowboyada...
Mas isso das "novas fronteiras" é má tradução em calão. Porque a fórmula norte-americana, que serviu de "slogan" ao John Kennedy, assenta na velha ideia ianque de "espírito de fronteira". Que era não haver fronteiras para a conquista do "far west", matando os índios e usurpando as terras dos chicanos, com muitos escravos negros, a fim de atingir-se o Pacífico.
Pouco me rala... Apenas temo uma ideia que quase não emergiu no Congresso. A radicada emoção de pátria da velha tradição maçónica e republicana do Partido Socialista, talvez porque Manuel Alegre a corporizou e talvez porque o João Soares citou o Jaime Cortesão.
Raramente também falaram em povo, com a ressonância de António José de Almeida. E Nação quase pareceu conceito proibido. Coisas de que o tal Kennedy nunca abdicou, usando o velho conceito anglo-americano de "comunidade".
Esperemos que Sócrates possa falar mais com Jaime Gama. Que diz povo e sabe dizê-lo. Que diz pátria e não tem medo. Que teoriza nação e não é parvo. Porque sabe que tais coisas não são velharias pouco dadas às modernices engenheirais.
Sócrates precisa urgentemente de raízes. Porque não é devoto formado nas neo-tomices franciscanas e pintasilgueiras como era Guterres. Porque não parece ser um inveterado maçon da velha e boa escola. Porque nem sequer tem pergaminhos de longo e radicado antifascismo. Até nem veio da extrema-esquerda estudantil ou laborista.
Que ele não seja mais um mais do mesmo de importação anglo-americana e que consiga roubar a Pedro a brilhantina e a água de colópnia da modernização e do decisionismo.
Sei que ele sabe ler dossiers, nota-se que gosta do trabalho de equipa e que tem experiência no discurso económico e financeiro. Conhecendo o europês não precisa de tecnocratas para descodificarem o dito e vai naturalmente causar mossa no situacionismo.
Que se saiba libertar da formatação tentadora da salsicharia teledemocrática é o meu voto. Que use e abuse dos Gamas e dos Coelhos, os quais lhe podem dar a necessária macropolítica.
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