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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

7.12.04

O populismo segundo Hanfeizi


Sem populismo, com o astral na direita
e o relógio à esquerda, o sereno líder espera
o sinal bendito para voltar ao céu


Segundo relato de vários videntes, na descida que ontem fez dos céus aos cus de Judas, diante do reitor, ex-MES até Dezembro de 1975, e de vários escritores sagrados, da ex-UDP benzida, o confuciano de sempre, Hanfeizi, antigo adepto da Albânia de Enver Honxa, como segunda região libertada do mundo, antes da Faculdade do MID, comunicou aos insignes ficantes desta pátria abandonada, onde não estava o camarada Saldanha Sanches, nem a renegada Maria José Morgado, que «o populismo» é a primeira das ameaças que se colocam actualmente à Europa, pelo que os ex-maoistas sérios devem "combater esta ameaça». Recorrendo aos textos sagrados do novo livro cor de laranja, considerou que as bestas do novo Apocalipse social-fascista se caracterizam pelo recurso sistemático «ao não» - havendo dois «no plano interno» e um terceiro no «plano externo».


Não esteve presente o grande educador do proletariado do Norte

Entretanto, vários cientistas imparciais, falam em perigosas consequências das alterações climáticas em Portugal, salientando que região da ria de Aveiro, o estuário do Sado e a ilha de Porto Santo são as zonas do território português que correm mais perigo caso nos próximos anos a temperatura média global aumente dois graus. Porque «são zonas planas e baixas, que podem ficar, afectadas consideravelmente pelo aumento do nível das águas do mar».


O teórico da charneira eterna não foi convidado

Mas Hanfeizei continuou sua prédica, salientando que no caso interno há que combater as recusas à imigração e à Europa, enquanto no plano externo se situa o não à globalização. O primeiro «não» (a ameaça dos imigrantes) é característico da Direita e o terceiro (globalização) da Esquerda. Seja como for, «têm em comum» o tipo de «respostas» que usam: são «simplistas», «exploram o medo» das populações, «[manipulam] sentimentos negativos em nome de valores negativos». Não explicou o que fazer com os que dizem "não" a todos esses "não" e, mesmo assim, não lhe batem a pala.


O núcleo duro de Georgetown, depois da missa no Campo Grande, encabeçando a Grande Marcha contra o populismo

Anuncia-se, entretanto, que, no próximo ano, o preço da electricidade vai subir mais que o previsto. As tarifas vão aumentar, em média, 2,3 por cento no Continente e não 2,1 por cento, tal como a Entidade Reguladora do Sector Energético (ERSE) tinha proposto há cerca de dois meses. Esta subida é mais elevada que o referencial de aumento para a Função Pública (2,2%).


O comissário das regionalidades anunciando inscrever-se como aluno de Yale

Invocando os exemplos de Jorge Miranda, António Barreto e José Pacheco Pereira, Hanfeizi clamou: «só as elites [europeias] estão à altura de explicar aos cidadãos o que está em jogo». Defendendo respostas nos planos intelectual e político, também assinalou a existência de um «problema prático» no campo político: «Como ser popular sem ser populista»?. Fazendo apelo aos estilos de Santana Lopes e Paulo Portas, contra as tentações pimbas de Zandinga e Gabriel Alves, concluiu que «é na Cultura que reside parte da solução», «as universidades precisam de um verdadeiro renascimento» para atraírem os estudantes de regiões afundadas que até aqui têm optado por estudar em instituições norte-americanas, como foi o caso de Durão Barroso, Severiano Teixeira e Maria Carrilho, para «afirmarem o primado das ideias» e combaterem «a mediocridade» que grassa nas sociedades de massas.