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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

17.12.04

Querem referendo? Façam mais uma revisão!


Depois da ofensiva eurogloriosa das comadres PS, PSD e PP...

O Tribunal Constitucional chumba a pergunta aprovada pela Assembleia da República sobre o referendo europeu, porque a mesma não respeita os requisitos de clareza. Logo se zangaram as comadres, com o PSD e o CDS a acusarem o PS de os ter aldrabado. Sorrio.

Apenas recordo que, logo em 18 de Novembro, aqui proclamei "eu dou o meu acordo à Europa, não dou o meu acordo a esta negociata dos eurocratas, europarlamentocratas e outros cratas que querem fazer de mim cretinocrata".

E dois dias depois, neste mesmo local, esbocei uma carta aberta ao presidente, onde podia ler-se "o subscritor, detentor do exame da quarta classe do ensino primário salazarista, faz parte daquele esmagador grupo que o Professor Doutor Gomes Canotilho define como "os cidadãos", os tais que "não vão entender pergunta nenhuma".


Eis a lusitana resignação da espera do pão, depois da decisão do Tribunal Constitucional

Mais acrescentava: "qualquer pesquisador da vida política sabe que quem manda por direito de conquista, nunca se importou com as respostas que o povo foi dando, se, antes monopolizou a forma de fazer a pergunta. Não há melhor forma de obediência pelo consentimento do que aquela que apenas admite manifestações unicitárias dos bonzos instalados, impedindo que os escravos possam fazer a necessária revolta de escravos. Ora, o que está aqui em causa é a ditadura dos perguntadores, isto é, das secções portuguesas do Partido Socialista Europeu (PS) e do Partido Popular Europeu (PSD e PP), as quais têm de mostrar aos respectivos directórios de Bruxelas que continuamos a ser os "bons alunos", isto é, as gentis massas que aceitam a viagem de autocarro para a manifestação espontânea de apoio aos instalados, à maneira dos bate-palmas do Almirante Tenreiro ou do bom povo alentejano da Reforma Agrária".