Retrato de um país em digestão de sismo
Sustentados pelos coiros e com palmeiras ao fundo,
os serenos líderes preparam-se para o copo de água
Porque hoje é terça-feira, dia 14, mais um dia de feria, de litúrgica festa, antes do dia de Marte. Que ontem, quando começava a tarde e a digestão de alguns, um pouco além do Bugio, já a caminho da Boca do Inferno, mesmo diante do fim da barra, sucedia mais uma almoçarada de coligação pré-eleitoral entre o PSD e o CDS-PP. Mas logo um sismo se sentiu de Sul a Norte do país (relatei-o antes de todos os outros meios de informação). E este poderia ter causado danos mais significativos se o epicentro se situasse em terra ou mais próximo. Valeu-nos a nossa dimensão transatlântica, a Senhora da Rocha e a Santa da Ladeira ... "Divórcio de conveniência entre PSD e PP", titulava o JN. Intifada contra a bomba atómica, dissse-o em breve entrevista que ontem concedi a Manuel Vilas-Boas, na TSF. Porque o presidente continua a querer ser o grão-notário da República, lendo manuais de direito constitucional, enquanto Pedro e Paulo lêem os manuais de Maquiavel, a técnica do golpe de Estado, de Malaparte, e fazem guerrilha na linha do Estoril, com muitas celebridades.
Vale-nos que os esboços do 28 de Maio vindos do Norte serão facilmente depenados
À frente de todas as sondagens, há muito que o PS afirmou que vai concorrer sozinho. Mas, esta manhã, o jornal "Público" dizia que se José Sócrates não tivesse a maioria absoluta admitiria um acordo com o Bloco de Esquerda, mas nunca com o PCP. Contudo, Sócrates logo veio desmentir estar disposto a aliar-se ao BE e tratou de receber «Compromisso Portugal». Enquanto isto, Santana receberá partidos com assento parlamentar para preparar Conselho Europeu. E Louçã diz que só se aliará ao PS, se Portugal abandonar a NATO.
Comentários, para quê? Portas, de porta aberta, já tem os olhos em bico,
graças à viagem científica empreendida pela sua arma secreta
Vale-nos que o grande teórico da charneira eterna foi para Macau em viagem de investigação científica, acompanhado por uma equipa de notáveis cientistas sociais, nomeadamente por um burocrata chefe de secretaria, possuidor de vários títulos, mas não universitários, e especialista em contabilidades financeiras, certamente com o apoio do presidente da central distribuição de verbas à ciência e o gáudio de todos os burocratas universitários, dando razão a George Orwell e ao respectivo conceito de igualdade, na linha do que sempre foi teorizado pelo nosso sapateiro de Braga, o mais ancestral dos nossos teóricos em jardínicas bananas e ciências do manitu. Pode confirmar-se que certos sectores da banca desconhecem inteiramente este processo.
Subscrevo Baptista Bastos: os políticos que temos testemunham, com o recurso à artimanha, ao improviso, à mentira, a compleição das suas debilidades. À razão histórica sobrepõem os impulsos do mais abjecto oportunismo e da mais repulsiva falta de grandeza.
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