A nau do Estado, com muita proa e pouco leme
Dizem que a nau do Estado entrou em pilotagem automática
Sim, é logo à tarde, bem à tardinha, quando os farrapos da noite nos toldarem a luz, que certos ciclotímicos esdrúxulos, que elevaram à categoria de líderes políticos, nos darão, retardadamente, o que um deles disse que imediatamente diria sobre o que queria e como iria. Assim vai este sistema de bocas que, hora a hora, nos são transmitidas, até do axadrejado pátio de Belém, entre pesados cortinados e bustos de porcelana. Onde todos falam em "interesses de Portugal", "interesses nacionais", "interesses de Estado". O próprio Primeiro-Ministro em digestão declara que vai manter "a defesa dos interesses doa assuntos de Estado", para logo corrigir "gestão dos assuntos de Estado", como se todo um povo não compreendesse que a nau da governação tanto não tem timoneiro como perdeu o próprio leme, entrando em manifesto regime de pilotagem automática.
O nosso bébé ainda segura, firme, a barcaça pátria
(mas a traiçoeira irmã prepara-se para o mandar borda fora)
O único acto heróico que merece destaque foi o que se passou no último conselho de ministros, onde, segundo relato da TVI, "a ministra da ciência não conseguiu conter as lágrimas". Vale-nos que Jardim já disse tudo: "quem fez os sarilhos qu'aguente os sarilhos". Enquanto isto, o Compromisso Portugal assume-se expressamente como grupo de pressão:"o Compromisso é uma emanação da sociedade civil para condicionar os partidos". Já a associação dos bancos, pela voz de João Salagueiro, acusa Portas de "desconexão". Mas Portugal resiste. Que Pedro recebeu "carta branca" do Conselho Nacional do PSD para negociar. Que Portas transporta consigo o "cheque em branco" da comissão política do Caldas. Branco é galinha o põe, pois garnizés ainda não o conseguem. Resta saber se as cartas ainda têm letras não protestadas e se o cheque tem cobertura. Estamos galados...
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