Apoiamos a defesa dos bons costumes eleitorais

Quem duvidasse da utilidade da Licenciatura em Engenharia Civil, ramo de estruturas, e da pós-graduçaão em Adaptação Técnico-Militar em Engenharia de Aeródromos, bem como da Especialização em Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho ou da experiência em projecção nas áreas de estruturas, segurança e redes técnicas em edifícios, ou no exercício de Fiscalização de Obras Públicas e Particulares e Direcção Técnica de empresas de construção civil (sic), apenas teria que consultar um ofício autárquico remetido recentemente a várias entidades, subordinado ao assunto “Colocação de propaganda político-eleitoral”:

"A Câmara Municipal de Leiria solicita a todos os partidos políticos para procederem à verificação da altura a que colocam as estruturas de propaganda politico-eleitoral.

Têm-nos sido enviadas inúmeras reclamações de munícipes, incluindo queixas de pessoas que foram alvo de tratamento médico após terem batido com a cabeça nos cartazes em questão.

A Câmara Municipal de Leiria agradece a colaboração e compreensão de todos os partidos políticos para a rápida resolução da questão, devendo as estruturas serem colocadas a partir de 2,20 metros. O Vereador: Fernando Carvalho".

Alertado para o efeito pela Liga dos Motards da Ribeira dos Milagres, não podemos passar em silêncio este atentado ao princípio universal do "todos diferentes, todos iguais", mas, pedindo desculpa a quem nos alertou, preferimos o comentário próprio, para não enveredarmos por uma linguagem pouco ortodoxa e assim seguirmos o conselho do presidente Sampaio.

Sem contestarmos as preocupações quanto à defesa da saúde pública e até quanto à integridade moral dos indivíduos-cidadãos, sobretudo dos pais de famílias normais, apenas duvidamos do discricionário da medida de vinte centímetro acima dos dois metros: Porque, atendendo à altura média dos portugueses, isso ainda dá direito a ornamentações de cerca de meio metro, com folga, permitindo um adequado transporte de vários carregos, nomeadamente cachos de bananas. Pior ainda, se atendermos à circunstância de muitos dos visados, habituados à bajulação, poderem andar de espinhela caída, isso permite o transporte de mais volumosos instrumentos de registo de ofensas às palavras de ordem da lealdade, competência e convicção. Sobretudo para os que andam coligados em uniões de facto, marcadas pela falta de autenticidade.

Sugerimos, portanto, que se baixe a altura requerida, ou que se utilizem sistemas adequados de almofadagem, que bem podem ser os habituais balões de água da presente época carnavalesca, desde que os mesmos sejam adequadamente plenificados com água potável, não colhida na Ribeira dos Milagres. Até poderia, eventualmente, utilizar-se um sistema preventivo de lombas e uma estrutura de alarme sonoro, feito de muitos apitos, desde que não sejam dourados. À consideração dos inferiores, com muita saúde e fraternidade, a bem da nação, um cidadão agradecido pela protecção contra o adultério.

Da Liga dos Motards da Ribeira dos Milagres, apenas transcrevemos a parte final do lancinante apelo, constante do fax que nos enviaram: "se eu for que não sinta, se eu sentir que não saiba, se eu sonhar que acredite, se eu acreditar que não veja, se eu ver que me conforme, amen".