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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

19.1.05

Pela revolta liberal!



Há regimes políticos que, apesar de nascerem de bons e justos propósitos construtivistas, depressa caem nas teias do devorismo e da empregomania, especialmente quando apodrecem por dentro e tentam sobreviver gerindo a manutenção no poder através da erosão situacionista daquele rotativismo onde se vai fingindo mudar para que tudo fique na mesma.

Tudo começa, aliás, pelo revolucionarismo frustrado, por essa esquizofrenia puritana onde se desperdiçam energias em verborreia, vinganças e perseguições inquisitoriais. Essa oportunidade perdida para a racionalidade das metodologias reformistas, as únicas que seriam capazes da necessária regeneração que sempre foi conservadora dos valores permanecentes da colectividade, apesar de exigirem revolucionários objectivos quanto à pilotagem do futuro e ao empenhamento individual.

Com efeito, ao contrário do que tem sido difundido pela grande coligação antiliberal que, da direita à esquerda, nos comanda, entre fantasmas da dita direita e complexos da assumida esquerda, são os liberais coerentes que mais se devem preocupar com a justiça e, consequentemente, com a defesa da confiança pública, da concorrência desleal e da luta contra a corrupção.

Acresce que, apesar de haver variadas famílias dos integrantes da futura, urgente e necessária união, ou federação, dos liberais portugueses, não podemos esquecer que um dos focos inspiradores desta corrente, o nosso enraizado herculanismo, ainda por cumprir, longe de se diluir na urbanidade destribalizadora do centralismo apátrida, sempre assumiu as virtudes camponesas e burguesas daquilo que os "capitaleiros" desdenham como província. Sem o urgente regresso às virtudes dos radicalismo desecntralizador não haverá uma espontânea unidade nacional. Sem assumirmos a denúncia dos modelos absolutistas do Estado a que chegámos não haverá regeneração da nação portuguesa.

Só através da restauração das liberdades locais e das proibidas liberdades regionais, poderemos federar as muitas pequenas pátrias da nossa grande pátria. Só através do liberdadeirismo dos muitos povos do nosso grande povo é que poderemos extinguir o leviatã do centralismo absolutista que é tanto mais perigoso quanto se disfarça de visitador das vilas e aldeias em tempo de campanhas eleitorais.