A solução para a crise: estrume de cavalo, urtigas e limpeza de bicharocos
Há dias destes... andamos à procura de notícias neste país pré-carnavalesco e nenhuma delas nos provoca reflexão, nem a carta de Morais Sarmento ao CDS, nem o reconhecimento de Pedro Santana Lopes face ao sentimento de lealdade manifestado por Paulo Portas, até porque o discurso foi proferido perto da criatividade de Rafael Bordalo e das cavacas das Caldas ("no news, good news..."). Por isso, quando passei para a imprensa regional, deparei com este delicioso naco de prosa inserto no "Diário de Leiria", onde a simplicidade da gesta agrícola nos aponta para a solução da presente crise política nacional: afinal, o défice é susceptível de cura de crescimento, com um pouco de estrume de cavalgadura e urtigas, bem como com o cuidado diário na limpeza de caracóis e outros bicharocos. Mais palavras para quê? Aqui fica a reportagem:
"Estão pendurados e pesam cerca de meio quilo cada um. São assim os tomates do senhor Mário Rui, cultivados num pequeno canteiro da casa da nora de Mário Rui, um construtor civil residente nos Andrinos, Leiria, e que sempre gostou dos afazeres da horta
Dizem os vizinhos (e vizinhas) que «eu sou o homem que tem os melhores tomates cá da zona», diz Mário Rui com um sorriso malandro, enquanto explica a proveniência da semente "milagrosa". «Um dia vinha da caça de Castelo de Vide e parei numa fonte para beber água. Foi lá que apanhei a semente», revela, recordando que já lá vai mais de um ano, e o tomateiro foi crescendo, até atingir os cerca de quatro metros de altura que tem hoje.
«Quem aqui passa acha que isto é um autêntico fenómeno», diz o construtor civil, explicando que «geralmente os tomates plantam-se em Abril/Maio e quando chega a Outubro já não há», a não ser que seja em estufas. Mas estes parecem ser mesmos especiais e estão disponíveis praticamente todo o ano.
Quanto a segredos, diz Mário Rui, «só se for o estrume do cavalo que eu lhe ponho, e os cuidados que tenho com eles, porque eu trato-os bem», diz com um sorriso bem disposto e matreiro, explicando que só vai tirando os caracóis e um ou outro bicharoco que de vez em quando tentam "petiscar" por aquelas bandas.
«Admiro-me como é que com este gelo todo que tem havido eles se aguentam», diz, garantindo que não usa qualquer produto químico no pequeno canteiro onde, para além do tomateiro gigante, crescem couves, morangos, salsa, malaguetas e até urtigas que não são apanhadas porque, quem sabe, fazem "comichão" aos ditos e ajuda-os a crescer.
Seja do tratamento, do estrume do equídeo, ou das urtigas, uma coisa é certa: nos Andrinos e arredores, não há tomates tão grandes como os do canteiro de Mário Rui que, pode fazer salada o ano inteiro. Quanto à qualidade, bem, foram já muitas e muitos os que provaram e, pelo menos até à data, ainda ninguém reclamou!"
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