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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

3.2.05

Esta não é a minha política..a social-democracia no seu melhor

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Assisti. Os colos acabaram. Os meus amigos das novas direitas dizem que ganhou o Santana. Os meus amigos das velhas esquerdas dizem que ganhou o Sócrates. Eu acho que empataram. Não sou dessas direitas e nunca serei de tais esquerdas. Continuo na esquerda da direita. Sou, cada vez mais, a direita que gosta de ser radical do centro. Mas do centro excêntrico que nunca esteve rigorosamente ao centro.

Por isso, digo que nenhum dos dois merecia ser chefe do governo. Porque os abstencionistas do PSD nem vão votar no Sócrates nem vão votar no Santana. E muito menos no Portas. O Santana falou para as direitas que podiam fugir para o CDS. O Sócrates para todos, sobretudo para o centro, mas não para mim que sempre fui minoria, que estou no contra e continuarei no contra. Santana quis evitar o crescimento do Portas. Sócrates fez "surf". E não deu com a prancha na cabeça do Santana.

A montanha deu à luz um rato. Os dois que ali estavam, todos diferentes, todos iguais, são a social-democracia no seu melhor. A parcela do ex-JSD inscrita no PPE. A parcela da JSD inscrita no PSE. Ambos são o politicamente correcto, dentro do "consenso de Estado do arco euro-atlântico", o culturalmente correcto, o mediaticamente correcto, o sempre-em-pé, o está-na-moda, o agora-é-fixe, nem muito aos Kotas nem muito aos Senadores. Eles são os dois únicos candidatos que os donos do poder nos deixam ter como primeiro-ministro. Eles não são, definitivamente, o melhor de Portugal.

O Portas ficou-se pelo direito à indignação. E Nobre Guedes disse que «Coimbra devia impedir José Sócrates de lá entrar. Uma pessoa que quer, teimosamente, por uma questão de afirmação política pessoal, sacrificar a saúde pública do povo de Coimbra devia ter uma recepção de repúdio». Os fanfarrões hão-de pagar a factura.Os socialistas serão os futuros situacionistas e poderão ter que engolir um queijo duro de roer...