Vacinem-se contra a doença da bufaria!

Depois da grave crise de seca em que se transformou esta campanha eleitoral, começou a notar-se uma mais terrível doença entre os animais dos rebanhos partidários, a que alguns dão o nome de "língua de pau furado". Depois de inúmeras denúncias e porque São Pedro não nos concedeu a necessária erva para as pastagens habituais, as estruturas veterinárias oficiais, graças à preciosa colaboração de vários serviços públicos internacionais e de inúmeras ONGs, decidiram iniciar, já na próxima semana, um programa de vacinação para prevenir a proliferação da doença que estava a ser sub- avaliada, apesar de vários responsáveis pela liberdade política se declararem contra o alarmismo.

Alguns experimentados observadores eleitorais de actos idênticos no Terceiro Mundo, e em certos países da Europa Central e do Leste, consideram que a causa desta boataria tem a ver com focos endémicos oriundos do pidismo salazarento, do formigueiro afonsista e até dos restos inquisitoriais, que nos terão transformado num país de bufos desempregados. Consideram também que poderá dar-se o agravamento da crise, dado que o processo da denunciação passou para a zona da blogosfera, onde podemos ler quanto custou a casa de um determinado líder, qual a marca do automóvel de outro, bem como os meninos e meninas que o visitaram pela calada da noite. Porque assim deixaremos de usar apitos dourados e transformaremos o julgamento pio numa coisa da antiga senhora.

A luta política não pode descer ao nível da continuação da guerra civil por outros meios, com utilização das bombas terroristas das insinuações com porcaria à mistura, onde, a coberto da luta de ideias, se despejam, pelo anonimato cobarde, os dejectos doentios de certas mentes que precisam de urgente tratamento psiquiátrico. Há que denunciar os métodos de pouca vergonha que vão denegrindo, pela insídia ou pela insinuação, concorrentes ou adversários, retomando técnicas inquisitoriais, formigueiras, pidescas ou à maneira do KGB e que não cabem naquilo que devia ser o mínimo da boa educação. Não é só por haver doentes no mundo que a saúde deixa de ser um bem.