a Sobre o tempo que passa: <span style="font-family:georgia;color:red;">Mais um domingo, desblogueado e amaralado...

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

6.3.05

Mais um domingo, desblogueado e amaralado...



Manhã de domingo, quando a maior parte dos blogueiros, em fim de semana, não têm disponível o cumputador da empresa, da universidade, do jornal ou da repartição, onde estão na prateleira da frustração, para teclarem a respectiva fúria liberal ou bloquista, sou capaz de concluir como este nosso querido e dependente país é dos que mais depende dos sinais vindos da governação e dos caprichos dos homens do leme. Vivemos agachadamente à espera desse D. Sebastião visível que é o supremo hierarca da nossa ministerialização e subsidiação, até porque o dito cujo também dita a moda do politicamente correcto e marca o ritmo do que parece bem.

Vale-nos que o fafense de Caxias veio declarar que "o combate ao clientelismo e à corrupção será uma das prioridades", para assim "travar a permanente perda de qualidade da democracia". O apoiante de Teresa Zambujo e ex-empregado de Isaltino de Morais na Universidade Atlântica ... e de Teixeira Duarte, recordando os seus antigos adjuntos e assessores Paula Teixeira da Cruz e Paulo Teixeira Pinto, também considerou que "o clientelismo é uma chaga da nossa vida política e é bom que o país mude de vida", ao salientar a necessidade de "cada vez mais a questão dever estar presente na agenda política". A pátria espera ansiosamente até que ponto irá esta viragem à esquerda do grupo que elevou Luís Delgado à dimensão de controleiro intelectual da luta contra a regionalização. E em breve saberá como Isaltino, com o apoio do grupo da sueca, dinamizará a vaga de fundo menezeira, contra os sulistas, aparelhistas e clericais.



Já o pós-moderno governo de Sócrates, porque não elevou a pastas nenhum ex-aluno da Universidade de Georgetown, ou do mestrado de Braga da Cruz/ Carlos Espada, ficou sob as fúrias de alguns ex-camaradas que queriam reconstruir o verdadeiro partido comunista. Um deles, que não perdoa a quem não se bushificou, escreve esta magnífica peça: "suspeito que não porque é detestado pela direita e suscita desconfiança à esquerda: não é impunemente que em política se viaja da Câmara Corporativa até às manifestações ao lado de Francisco Louçã. Pior: as suas tomadas de posição virulentamente anti-americanas dos últimos anos não o colocam na melhor posição para gerir a política externa de um país que sempre cultivou a relação transatlântica mesmo depois do seu mergulho, de alma e coração, na construção europeia. Sócrates deu-lhe ainda a dignidade de ministro de Estado, mas não é certo que isso venha a fazer dele um membro do núcleo político do Governo". Já verifiquei que a literação usada não corresponde ao revisionista livro de estilo para uso dos ex-maoístas que querem criar a grande unidade anti-amaralista da anti-esquerda lusitana, ao serviço do neo-liberalismo da grande aliança integrista com o Opus Dei.

Muitos ex-comunistas que não acompanharam o percurso de Zita Seabra não gostam que Sócrates tenha preferido Isabel Pires de Lima e Mário Lino. E não é por acaso que um dos fundadores do Movimento de Acção Revolucionária acrescenta: "Freitas perdeu a presidência com uma campanha obtusa, levou o CDS para uma 'equidistância' sem saída, tentou em vão que o PSD o adoptasse e serviu tristemente o 'soarismo'. Como diplomata, basta observar que, num acesso de fervor esquerdista, comparou Bush a Hitler, Franco e Salazar". E com toda a razão: se o candidato presidencial a apoiar pelo partido que, nas três vezes que esteve no governo, o fez em coligação com o CDS, tiver a desdita de se assumir contra o candidato do "povo de esquerda", corre o risco de se tornar o ministro dos estrangeiros do governo do mesmo povo de
não-direita. Basta que o PSD lhe faça a maroteira de não lhe ajudar a pagar as dívidas de campanha!



Já ilustres saudosos do Bloco Central, como os TSD, querendo fugir aos esforços para a reconstrução e fundação da direita, tão magistralmente esboçados por Luís Nobre Guedes e Aníbal Cavaco Silva, proclamam, ufanos: a nova liderança do PSD deve afastar o partido do liberalismo e reaproximá-lo do centro ideológico, argumentando que este "nunca foi, não é nem será um partido de direita". Sugerimos ao PSD que não deixe o Daniel Proença de Carvalho candidatar-se pelo projectado "Bloco da Direita".

Por esta e por outras é que já consta que a primeira visita do nosso indigitado MNE será precisamente a Washington, com passagem por Nova Iorque. A Senhora Rice já prometeu que serão imediatamente removidos de Lisboa os chefes da estação da CIA que tão estupidamente aconselharam a administração dos subsídios norte-americanos a apostar em intelectuais marginais e em escribas de segunda escolha, pensando que a República dos Portugueses e as universidades lusitanas eram tão do terceiro-mundo quanto os habituais convidados para visitas turístico-espioníticas aos States. Os agentes do Pentágono na capital das terras de Viriato não podem continuar a fiar-se nos rapazinhos que lhes costumam dar bitaites nos bares do Bairro Alto, mesmo que se armem em novos controladores dos saneados serviços do SIEDM. Valia mais seguirem os conselhos dos velhos agentes da DINFO e dos que não foram saneados do SIS.