Patética cena no Parque dos Poetas...
Ontem, depois de uma ida ao supermercado, decidi visitar o chamado Parque dos Poetas, em Oeiras, coisa que bem temia e, ao que parece, fundamentadamente, pelo menos desde a respectiva inauguração, não obstante ter a minha residência de base nas imediações. Confesso que, apesar de ter gostado das cutileiras estátuas, não me identifiquei minimamente com o espírito que emana do conjunto, nem com o eclético da ideia, talvez inspirada num desses cemitérios norte-americanos, com muitos relvados em declive, onde foram semeadas réplicas de campas, com os próprios mármores a serem funerários registos, especialmente patéticos para os já consagrados poetas contemporâneos que estão, felizmente, vivos.
Ora, por ironia do destino, quando calcorreava estes espaços de plastificada jardinagem, todo eles cercado por novos cogumelos imobiliários das grandes empreitorices oeirenses, eis que, numa curva poética, me deparei, não com uma musa, mas com uma politiqueira cena de foto-reportagem, onde o visado era, nem mais, nem menos, Isaltino de Morais que, num dos recantos do parque, ia fazendo poses, em cenas familiares, ao que parece, conjugais, não sei se para eventual utilização na sua futura campanha de recandidatura autárquica.
A emergência deste notável de obras públicas e ambientes, com ar de grande empreiteiro da ideia dos poetas e dos patos bravos que o sitiam, fez-me lembrar que o dito cujo deveria também ficar para sempre gravado no mármore da eternidade, num pequeno retiro patético, onde poderia ser cercado por outras pequenas estátuas de marques mendes, teixeira duarte, paula teixeira da cruz, baratas, abrantinas e carrefours. Podia ser em pleno centro do parque das merendas, em vez do inestético "wc" que ali existe e que exige pagamento prévio em moedas de cinco cêntimos.
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