Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...
• Bicadas recentes
Estes "breves aforismos conspiradores, sofridos neste exílio interno, lá para os lados de São Julião da Ericeira, de costas para a Corte e com os sonhos postos no Atlântico..." começaram a ser editados em Setembro de 2004, retomando o blogue "Pela Santa Liberdade", nascido em Maio de 2003, por quem sempre se assumiu como "um tradicionalista que detesta os reaccionários", e que "para ser de direita, tem de assumir-se como um radical do centro. Um liberal liberdadeiro deve ser libertacionista para servir a justiça. Tal como um nacionalista que assuma a armilar tem de ser mais universalista do que soberanista". Passam, depois, a assumir-se como "Postais conspiradores, emitidos da praia da Junqueira, no antigo município de Belém, de que foi presidente da câmara Alexandre Herculano, ainda de costas para a Corte e com os sonhos postos no Atlântico, nesta varanda voltada para o Tejo". Como dizia mestre Herculano, ao definir o essencial de um liberal: "Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las"......
Este portal é pago pela minha bolsa privada e visa apenas ajudar os meus aluno. Não tive, nem pedi, qualquer ajuda à subsidiocracia europeia ou estatal
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Se atentarmos no mapa acima, podemos notar que, entre o verde, da mais completa liberalização da interrupção voluntária da gravidez, e o roxo, da máxima criminalização do processo, Portugal está no exacto meio termo, em termos de lei, com a mesma cor da espanhola, mas onde, na prática, a teoria é outra. Anuncia-se agora que vem aí um novo referendo sobre a matéria, havendo já uma proposta do PS que repete a pergunta de 1998. Declaro, desde já, que voltarei a optar pela liberalização e até estou disponível para a subscrever publicamente.
Temo que o debate volte a ser marcado pelo primarismo anterior, entre os confessionalistas e os abortistas, pelo que podemos cair no risco de não surtir o necessário movimento de mudança da lei vigente. Bem gostaria que, entre os defensores da liberalização e da despenalização, surgissem pessoas que se assumissem contra o aborto, embora reclamando um maior espaço de autonomia individual, nomeadamente das mulheres vítimas das circunstâncias. Dizermos que os polícias, os tribunais e as cadeias não devem substituir-se à consciência pessoal, não pode confundir-se com a postura daqueles que consideram a prática do aborto como um bem.
Defendo, assim, que os poderes públicos sejam bem mais intervencionistas nestas matérias de defesa do direito à vida, sem os requintes cientificistas que distinguem a individualidade, o embrião, o feto e a pessoa. Importa que se estabeleça um adequado sistema obrigatório de informação para quem, dramaticamente, quer sujeitar-se ao processo de interrupção voluntária da gravidez e que se desencadeie a contratualização de um modelo de efectivo apoio financeiro estadual para a mãe que deseje prosseguir a bela aventura da concepção.
Condenamos que surja um qualquer mercado negocista sobre a matéria e que se desencadeie, quando houver liberdade responsável, uma forte repressão estadual das chamadas clínicas clandestinas, tal como se extirpem todos os locais que não obedeçam aos requisitos mínimos de garantia da saúde pública.
Defender a autonomia responsável da decisão sobre a interrupção voluntária da gravidez, admitindo que cada pessoa deve ponderar a respectiva hierarquia de valores, não deve significar cedência na luta contra a morte, o laxismo e o hedonismo.
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