a Sobre o tempo que passa: Contra a ditadura do relativismo

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

18.4.05

Contra a ditadura do relativismo




O cardeal Ratzinger, de 78 anos, proclamou, hoje que "estamos a avançar para uma ditadura de relativismo que não reconhece nada como certo e que tem como objectivo central o próprio ego e os próprios desejos", acrescentando que "ter uma fé clara, segundo o credo da Igreja Católica, é rotulado como fundamentalista, enquanto que o relativismo entrega-se a uma qualquer doutrina, que aparece como a única atitude louvável nos tempos actuais». Mais adiantou que ser relativista é andar "ao sabor de ventos, das várias correntes e ideologias", dado que "o pequeno barco do pensamento dos numerosos cristãos é agitado por estas vagas, que oscilam entre um extremo e outro: do marxismo ao liberalismo, até à libertinagem, do colectivismo ao individualismo radical, do ateísmo a uma vaga mística religiosa". Marxistas, libertinos, liberais, colectivistas, individualistas, ateus, místicos, agnósticos e panteístas que se cuidem. Nenhum da vossa laia chegará a papa, segundo o conterrâneo de Lutero. Vão mas é plantar macieiras!

Ora, segundo o "Die Welt", o presidente da Comissão Europeia, Barroso, passou férias num barco privado de um milionário grego, depois da sua nomeação para liderar o executivo da União Europeia no Verão passado, coisa indiscreta demais, porque José Manuel, quando ainda não era Durão, conheceu o grego em Genebra, onde fez o mestrado. Tudo é relativo. Também é por relativismo que o PSD vai abster-se na questão da data do referendo ao aborto, dando liberdade de voto na votação dos projectos de lei sobre a matéria, enquanto Santana Lopes reafirmou a ideia de que cabe à direcção do partido decidir quem vai ser o candidato do PSD à Câmara de Lisboa, sublinhando que vai fazer campanha com quem for candidato. Entretanto, no julgamento do processo Casa Pia, depois de os jornalistas serem proibidos de divulgar nomes que não estejam no despacho de pronúncia, hoje, Ricardo Sá Fernandes perguntou em várias ocasiões pela menção de políticos actuais, tanto de partidos de esquerda como de direita. Em duas situações a provedora não se recorda se os nomes foram ou não mencionados e justifica: «ele - testemunha - referiu nomes que me deixaram estupefacta. Se o nome de «X» estava no meio dos referidos não posso garantir. Eram nomes quase todos muito conhecidos». Por outras palavras, a própria justiça entrou em regime de "totojustiça", dada a utilização das siglas "1,X,2", onde há vitórias em casa, empates e vitórias dos visitantes. É tudo uma questão de palpite. prognásticos, só no fim do conclave.