O paradigma do gajo porreiro. Entrevista concedida à revista "Mais Valia"
No passado dia 6 de Maio, a revista "Mais Valia" publicou uma entrevista que concedi a Suzana Pereira. Aqui deixo o link.
Faço também alguns destaques:
As elites são estreitas porque o sistema educativo até há 35 anos era selectivo e fechado, enquanto a democratização do ensino tem apenas 30 anos de investimento. Portanto, as classes intelectualmente formadas e maduras ainda são do clube restrito da formação de elites. Só a partir de agora o povo vai chegar às elites de forma directa e não de uma forma enviesada como até há pouco tempo se fazia em Portugal.
Em Portugal, há um problema de má relação entre a universidade e a política. Não há osmose, não há um treino de formação de elites. Nós devíamos copiar a formação da Igreja ou a formação militar. Não é preciso ir lá para fora. Basta vermos as nossas experiências e alguns modelos de corporação que temos cá.
O bom político não é necessariamente o catedrático.
Este pacovismo lusitano de não resistir em qualidade é dramático!
Enquanto um anglo- -americano cultiva no aluno o excêntrico - Churchill -, o nosso paradigma é o bem - comportadinho, o copiador. Isto é um país de inventores onde o domínio é dos chatos.
Os portugueses que aqui ficaram são os que enjoavam na viagem, os que não quiseram ser portugueses à solta.
Tínhamos de tomar medidas radicais. Uma delas era extinguir a capital. Podíamos subdividir os órgãos de soberania pelo país, mas não à Santana Lopes. Copiar a Holanda ou a Suíça. Temos um aparelho de Estado demasiado centralista, ainda herdeiro do absolutismo.
O CDS é uma espécie de Belenenses
O portismo foi um choque electrico que produziu grandes entusiasmos, mas deixou muitas queimaduras.
O sistema está velho! Estamos tão velhos que o Dr. Mario Soares ainda manda.
O Eng. Sócrates gerou altas expectativas que podem revelar-se, de um momento para o outro, grandes frustrações.
O paradigma do Eng. José Sócrates é o gajo porreiro, bem formado, com qualidades. Mas o problema não está na pessoa, está na equipa. Já esgotaram a caixa dos boys e tiveram de alargar o recrutamento a pessoas que não estão tão motivadas. Vão entrar na zona cinzenta do favor feudal porque o núcleo duro daquelas que tinham sonhos ja terminou.
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