a Sobre o tempo que passa: Depois de terra queimada, nacionalizemos as florestas, já!

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

30.8.05

Depois de terra queimada, nacionalizemos as florestas, já!



O meu antigo professor, Doutor Vital Moreira, mantendo a coerência de socialista de sempre, acabou de editar a seguinte análise: (i) a propriedade privada e o mercado não garantem um ordenamento racional da floresta; (ii) o interesse privado não assegura a prevenção dos fogos florestais (nem o combate contra eles); (iii) a garantia de rendimentos privados implica enormes, e desproporcionados, custos públicos; (iv) a resposta ao flagelo impõe a intervenção do Estado, restringindo mais ou menos severamente o uso da terra para efeitos florestais ou impondo obrigações onerosas aos proprietários florestais.



Não há dúvida que (i) nos últimos trinta anos, tal como nos antecedentes, não tem havido ordenamento racional da floresta; (ii) não temos assegurado a prevenção dos fogos florestais; (iii) há muitos custos públicos com os incêndios; (iiii) há que dar prática ao princípio liberal do fim social da propriedade.



Nos últimos trinta anos temos tido governos socialistas e sociais-democratas que: (i) não conseguiram um ordenamento racional da floresta; (ii) não nacionalizaram a dita e agora culpam os interesses privados; (iii) gastam muito no combate à respectiva ineficiência de governação; (iiii) odeiam o direito de propriedade, segundo o conceito do Visconde de Seabra.

Também ninguém duvida do seguinte: (i) os socialistas e sociais-democratas que nos governam, incluindo ex-comunistas e ex-democratas-cristão, são maus governantes; (ii) continuam a querer governar Portugal; (iii) continuam a fazer mau uso do dinheiro dos impostos que nos põem em cima; (iiii) logo, importa, para mantermos a mesma ilusão socialista e social-democrata, extinguirmos os portugueses e Portugal, para salvarmos o conceito de intervenção do Estado.



Contudo, está provado que quem mais prejuízo tem com estes desgovernos (i) são os interesses privados que pagam impostos; (ii) até porque são os proprietários de casas e matas ardidas que mais prejuízos têm; (iii) são os bombeiros não públicos que mais fogos apagam; (iiii) e tanto o "público" como o bem comum são feitos de privadas pessoas individuais, de privadas pessoas colectivas e de comunitário amor pela terra. Porque antes de haver Estado já havia povo.

Já agora, para cumprirem o programa do 11 de Março de 1975, antes de nacionalizarem as matas, propriedade de 500 000 portugueses, nacionalizem também o direito de superfície urbano, para levarem ordenamento à cidade e ardermos todos. Depois disso, lá teremos que desembarcar outra vez no Mindelo, para florestarmos o país dos montes claros, antes de chegarem socialistas de direita salazarenta para estadualizarem a propriedade comunitária e socialistas de esquerda para deixarem arder o resto. Amen!