Finalmente, há boas notícias!
Finalmente, há boas notícias: entre presidentes de câmara, vereadores e membros de assembleias municipais e de freguesia, vamos eleger 43 489 autarcas, o equivalente à população do concelho de Sesimbra, e quase o mesmo número de professores, ou de licenciados candidatos a professores que ficaram por colocar. Mais do que isso: segundo um estudo do Banco Mundial basta eliminarmos a corrupção para triplicarmos o rendimento "per capita" e colocar-nos ao nível da Finlândia.
Por isso é que todos esperam o regresso de D. Sebastião Soares ou de D. Sebastião Cavaco, que o furacão Katrina não desembarque na praia da Junqueira em manhã de nevoeiro e que não volte a ser publicado nenhum estudo do "El Pais" sofre os nossos incêndios. Com efeito, em Portugal já não há maquiavelismo de salão, sindicalismo do elogio mútuo, persiganga, jagunçada e saneamentos. Porque esta gaseificada passagem do estado cardinalício para a liquefeita postura de sereno e suprapartidário presidenciável constitui a justa homenagem à eterna conspiração de avós e netos que nos continua a fazer apetecer o exílio.
Apenas recordo o que foi proclamado em Novembro de 2004 por um dos nossos mais notáveis presidenciáveis, quando estava no poder um governo que lhe não era afecto:
Primeiro
"É preciso restituir a voz aos cidadãos, se quisermos evitar revoltas descontroladas ou rupturas que podem levar a aventuras, como aconteceu no fim da I República, dando lugar a uma ditadura obscurantista».
Segundo
«A integração na União Europeia defende-nos de aventuras militares, mas só uma consciência cívica nacional evitará outros perigos. Há uma opacidade na sociedade portuguesa que tem de ser varrida. Precisamos de mais honradez republicana».
Terceiro
« O ambiente social é de grande crispação. É visível a crise de confiança no Governo, oposição, partidos, instituições, justiça, políticos, educação, cultura ciência, saúde, segurança social, trabalho, medicina... é preciso sacudir a depressão».
Quarto
«Portugal encontra-se numa situação bem difícil, sem estratégia para o futuro, desorientado, perdido no seu labirinto político».
Quinto
O «polvo da corrupção que alastra os seus tentáculos no Estado, na sociedade, nos partidos e nas autarquias». Há que desencadear a «censura moral dos portugueses».
Sexto
«Acho que o sistema está a seleccionar, para baixo e para o mal, os políticos. Já me questionei porque houve, após o 25 de Abril, tantos políticos de excepção, moralmente inatacáveis, e agora só vemos figuras menores».
Sétimo
«Deixar correr o indiferentismo perante os abusos, as injustiças e as corrupções é o pior que pode suceder».
Oitavo
«Começou a criar-se uma osmose na sociedade portuguesa entre negócios fáceis e tráfico de influências que é muito preocupante».
Nono
«A justiça mostra-se incapaz de agir. As polícias sabem muita coisa mas só actuam por critérios pouco claros».«O processo da Casa Pia é numa vergonha nacional. Tornou-se numa máquina de fazer dinheiro para os media. A continuar assim a vida nacional, vamos assistir a revoltas e a um mal-estar incontrolável na sociedade»
Décimo
«Será necessária muita coragem e algum tempo para pôr cobro à situação», «mesmo no tempo da ditadura havia alguns casos conhecidos, mas não havia uma corrupção sistemática».
<< Home