A limpeza coerciva das matas e os dragões de papel do socialês
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Ainda no começo do Inverno passado, o então ministro da Agricultura proclamava que o problema crónico dos incêndios em Portugal tem uma causa bem definida «o abandono sistemático da terra e a consequente acumulação de resíduos nas florestas. O modo ancestral como os portugueses se relacionaram com a terra e a floresta e que permitia uma limpeza e vigilância constantes sobre o território pertence ao passado». Também acrescentava que se não limparmos o que durante trinta anos se sujou, tudo continuará na mesma, «o maior esforço continuará a ser feito apenas no combate e a floresta vai continuar a arder». «Só a partir deste trabalho inicial poderemos pensar em gestão eficiente da floresta, em prevenção efectiva dos incêndios e em valorização económica dum património nacional que é, no meu entender, um factor crítico para o sucesso de Portugal.»
Basta fazermos contas: o território português tem 9,2 milhões de hectares dos quais 3,3 milhões são floresta representativos de 3,2 do PIB nacional e responsáveis pelos postos de trabalho de cerca de 3% da população activa. Logo, só poderemos resolver um problema económico com medidas económicas, mas não apenas com medidas económicas. Portanto, saibamos quantos orçamentos de Estado pode custar aquilo que era a necessária limpeza coerciva das matas e entendamo-nos: os proprietários florestais só limparão a coisa quando ela voltar a ser economicamente compensadora e a nossa agricultura deixar de ser uma simples subsidiária de uma PAC feita para certas parcelas da Europa, onde há enxurradas nos meses de Verão. Ninguém consegue fazer economia contra as condições edafoclimáticas, tal como ninguém devia fazer florestação exótica. Os responsáveis por esta ideologia pseudo-desenvolvimentista, consagrada pelo cavaquismo, cometeram um verdadeiro crime de lesa-majestade que não pode ser punido, invocando-se o subconsciente nacionalizador de certos dragões do socialês!...
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