Da bajulação ao desencanto, ou de como as placas tectónicas se espreguiçam no banco dito da Josefina
Quando os que eram bajulados sofrem agora, mimadamente, o desencato serôdio dos eternos vingativos, reparo que um russo qualquer, trazido para o pedibola dos águias, disse, numa entrevista concedida a um jornal de Moscovo, que Portugal está atrasado vinte anos, enquanto reparo como são enternecedores dos doutos depoimentos prestados por algumas personalidades militaruscas, catedratais e banqueirais, ungidas pela avença e pelas aposentadorias, à grande frente de defesa do candidato que vai à frente das sondagens, para a presidência deste sistema devorista.
Vale-nos que o célebre PSL, sem procurar construir um partido PSL-PP de centro-direita, ainda anda por aí e acaba de anunciar que o tal candidato à entronização cavaqueira poderá ser causador de instabilidade, obrigando os partidos de centro-direita a um papel limitado no futuro.
Mais grave é, contudo, a circunstância de socialistas democráticos e sociais-democratas, que são, mais ou menos, oitenta por cento dos que nos têm representado e que em nós têm mandado, nos últimos trinta anos, anunciarem que chegou à falência a criatura assistencial que geraram. Porque os criadores da dita cuja, como autênticos bombeiros-pirómanos, assumem, desde já, o exclusivo dos remédios para a grave doença, prometendo a manutenção daquela estratégia terapêutica que nos conduziu à derrota. O povo vai, de certeza, votar em massa em Cavaco, Alegre e Soares, para que as pensões sejam recebidas, nem que seja em papel de embrulho. Porque nem tudo o que luz é necessariamente aurífero e nem tudo o que é gripe vem necessariamente das galinhas.
Até porque a zona de confronto das placas tectónicas, dita Josefina, que fica no mar, a quinhentos quilómetros a oeste do Cabo de São Vicente, continua a espreguiçar-se. Foi apenas mais um bocejo de dois pontos na escala de Mercali, onde o máximo é de doze. E mais não foi do que uma simples réplica, escalrecem-nos sos sismólogos de serviço.
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