a Sobre o tempo que passa: Leis secantes, fidéis, gerontes e juntas decretinas e ocultas, de sobreprofessores

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

16.1.06

Leis secantes, fidéis, gerontes e juntas decretinas e ocultas, de sobreprofessores

Confesso que não gosto de nenhuma das efemérides do dia que passa, das memórias da chamada lei sêca (1919), à chegada de Fidel de Castro ao poder, quarenta anos depois, com passagem pela criação da ditatorial Junta Nacional da Educação (1929), essa antecessora mental da parecerística oficial dos ministérios educativos que ainda hoje se reproduz mentalmente em coisas como a CNAVES ou os distribuidores de subsídios à investigação, onde alguns professores, incluindo eméritos, aposentados, jubilados e reformados, com destaque para os que foram catedráticos sem serem doutores, a assumirem a distância superiora, mas com pouca autoridade, dos pretensos sobreprofessores, para emitirem pareceres decretinos, típicos de algum clericalismo da sociedade de ordens e do conselho nacional das cunhas.

Com estes olhos, já li pareceres recusando subsídio a trabalhos de geopolítica por quem nunca escreveu sobre geopolítica, mas que foi ministro das finanças, só porque um emérito embirra com quem poderia produzir trabalhos que o não citassem. E até sei dos afilhados e afiliados bajuladores com que o dito empanturrou as comissões de distribuição dos fundos, onde a coincidência partidocrática com o presidente da nova junta não é apenas coincidência, nesse fartar do mais do mesmo que transforma a própria ciência em coisa que não devia ser oculta nem decretina. Hossana nas alturas! E viva a APU, a filha da FEPU, constituída neste dia de 1978...