a Sobre o tempo que passa: Memória de Delgado

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

13.2.06

Memória de Delgado



No dia em que nasceu, há cem anos, Agostinho da Silva, importa recordar duas efemérides bem tristes: em 1965 era assassinado por dois agentes do Estado salazarista o opositor General Humberto Delgado; em 1974, Soljenitsine era expulso da URSS.

O gatilho foi accionado por um agente da PIDE, mas o cadáver só aparece em 24-04-1965), tudo um pouco antes de Américo Tomás ser reeleito, pela primeira vez através de um colégio eleitoral (25-07-1965) e de novas eleições para deputados, que ocorreram em 07/11/1965. Mas, na oposição já não predominavam os antigos republicanos, esses que tinham levado o país a participar na Grande Guerra de 1914-1918 para a defesa do Império Ultramarino e que se tinham revoltado contra Salazar por causa do Acto Colonial de 1930 ter destruído o conceito de nação una.

Em Outubro de 1964 tinha sido criada a Acção Socialista Portuguesa liderada por Mário Soares e próxima da Internacional Socialista. Assim, em 15/10/1965, a oposição, num manifesto, já defende a auto-determinação das então províncias ultramarinas, contra os anteriores programas de Norton de Matos, defensor da nação una, e de Cunha Leal, o feroz crítico do Acto Colonial do salazarismo.