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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

4.10.07

Nas arcadas de um subsistema de pilotagem automática a que damos o nome de governo


Desci hoje até às Arcadas, não para dialogar com o poder, mas para comemorar o aniversário do Rui, numa almoçarada no Martinho, juntamente com outros blogueiros, que não enumero, para não nos acusarem de conspiração antiburmas. Aliás, reparei como era intensa a circulação de secretários de Estado e de assessores, assim se desmentindo o que ontem foi anunciado por Carlos César sobre sermos governados por um subsistema de directores-gerais. Falámos muito sobre Menezes e todos louvámos a coragem do Abrupto, fazendo prognósticos sobre o tempo de duração do estado de graça do novo líder do PSD, face ao subsistema de "opinion makers" que servem os interesses instalados do poder holding, bancoburocrático, onde ele não parece ter simpatias. Depois do meu leitão de Negrais, lá fui Madalena acima, até à Betesga, sem conseguir encontrar o que procurava: a velha cola de sapateiro. São todas de bisnaga e de contacto, com diluente à mistura. No caminho, cruzei-me com outro papa da blogosfera, o João e, na breve conversa mantida, todos sublinhámos o presente desencanto. Por mim, confirmei, a partir do velho Terreiro do Paço, que o Estado a que chegámos e o modelo político-partidário que o sustenta é que não passam de um subsistema de uma pilotagem automática, onde a maioria dos factores de poder já não são nacionais. Gerem dependências e interdependências e já nem sei se ainda mantêm a vontade de sermos independentes.