Consta que o Estado português, depois do discurso do senhor bastonário dos advogados, vai processar internacionalmente a ONU, por dar guarida a estudos de certas ONGs que confirmam a existência de corrupção em Portugal, em termos gerais e abstractos. Lendo os relatórios, diremos que obviamente há corrupção em Portugal. Tem-no proclamado a "Transparency International", confirmando que, entre os primitivos quinze da UE, éramos os terceiros mais corruptos, de acordo com os índices de percepção universalmente aceites.
Num dos últimos relatórios anuais da tal Transparency International regista-se, com efeito, que, no campeonato europeu do Índice de Percepção da Corrupção, continuamos apenas à frente da Grécia e da Itália.
Basta consultarmos uma qualquer cartilha de combate à corrupção noutras paragens do mundo, para verificarmos como para os nosso poderes instalados tal processo continua a ser música celestial.
Continuamos na cauda da Europa, apesar de abundarem os discursos ditos de "ética republicana" sobre matéria. E também são os países tradicionalmente liberais que estão nos lugares cimeiros dos bons princípios. Porque, na prática, a teoria não é posta na gaveta.
Apesar de estarmos na União Europeia, não andamos muito longe da média mundial, o que é péssimo. Também aqui os partidos vão na vanguarda, tal como as forças armadas e estruturas religiosas parecem também ter mais autenticidade (mas aqui, a tropa está à frente das igrejas). Parece que em matéria de impostos as coisas andam mal, enquanto os parlamentares e os polícias sempre são menos maus.
Segundo um estudo do Banco Mundial basta eliminarmos a corrupção para triplicarmos o rendimento "per capita" e colocar-nos ao nível da Finlândia. Porque desemprego, corrupção, imigração, saúde e consumo são factores apontados como obstáculos para a segurança humana em Portugal, de acordo com dados do relatório da Social Watch.
Cresce a impressão de que na democracia portuguesa reina uma cultura de irresponsabilidade e impunidade. Apesar de indicadores sócio-económicos, como educação, informação, ciência e tecnologia, colocarem Portugal entre os países em melhor situação ou acima da média, o Social Watch alerta para o problema da corrupção no país. Os casos de corrupção incluem subornos, grandes delitos económico-financeiros, tráfico de influências, fraudes em licitações e encobrimento de responsabilidades penais.
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