O regime dos lambe botas
Já António Borges observa que "em Portugal, ou por incapacidade ou por incompetência, os empresários e os accionistas privados acabam por se deixar com muita facilidade absorver pelo poder político". Até acrescenta "em 2005, fui ao Congresso do PSD e apresentei uma moção onde me disponibilizei para ajudar o PSD a ter uma oposição mais activa em relação ao Governo. O congresso teve lugar no fim-de-semana e na segunda-feira, logo de manhã, fui chamado ao gabinete do ministro Manuel Pinho, que me comunicou que todos os contratos com a GS estavam cancelados a partir daquele momento". Por outras palavras, o reino da consultadoria e das avenças movimenta substanciais verbas e discretos jogos de poder e de apoio que ficam nas cerimónias iniciáticas do Bloco Central. Só três anos depois é que se revelam factos que deveriam imediatamente ser comunicados ao povo.
O ministro reage com estado de alma e diz que os banqueiros costumam ser discretos, reconhecendo que tudo isto se passa por trás das cortinas, nos tais meandros onde há os que recebem e os que não recebem contratos, conforme a apreciação das condutas reservada ao supremo poder, segundo a lei vigente, para a qual quem se mete com o situacionismo leva, especialmente quando se perdem os estados individuais de alma.
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