a Sobre o tempo que passa: O regime dos lambe botas

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

31.3.08

O regime dos lambe botas


José Sócrates assumiu, no sábado, que tem estado a «disfarçar estados de alma» durante os três anos de governação, que apelidou de «muito difíceis». O primeiro-ministro acrescentou que um político tem de apresentar sempre «boa cara e ânimo». Entretanto, a Igreja Católica pede ao mesmo Sócrates que controle laicismo de alguns membros do PS, ao mesmo tempo que Jaime Gama elogia a "obra ímpar" e "vasto e notável progresso" do jardinismo. Por outras palavras, nesta "perestroika" em curso, contra a "glasnot", há sempre conspirações movidas pelo secretismo e regidas pelo "protocolo dos sábios do Sião".



Já António Borges observa que "em Portugal, ou por incapacidade ou por incompetência, os empresários e os accionistas privados acabam por se deixar com muita facilidade absorver pelo poder político". Até acrescenta "em 2005, fui ao Congresso do PSD e apresentei uma moção onde me disponibilizei para ajudar o PSD a ter uma oposição mais activa em relação ao Governo. O congresso teve lugar no fim-de-semana e na segunda-feira, logo de manhã, fui chamado ao gabinete do ministro Manuel Pinho, que me comunicou que todos os contratos com a GS estavam cancelados a partir daquele momento". Por outras palavras, o reino da consultadoria e das avenças movimenta substanciais verbas e discretos jogos de poder e de apoio que ficam nas cerimónias iniciáticas do Bloco Central. Só três anos depois é que se revelam factos que deveriam imediatamente ser comunicados ao povo.

O ministro reage com estado de alma e diz que os banqueiros costumam ser discretos, reconhecendo que tudo isto se passa por trás das cortinas, nos tais meandros onde há os que recebem e os que não recebem contratos, conforme a apreciação das condutas reservada ao supremo poder, segundo a lei vigente, para a qual quem se mete com o situacionismo leva, especialmente quando se perdem os estados individuais de alma.

Daí não percebermos a exaltação do PS da Madeira contra Jaime Gama. Jardim também é um situacionista e, para os altos dignitários do regime, tem razão quem vence, mesmo que seja Bokassa ou Mugabe .