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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

18.9.08

Mais um dia de 925 milhões de pessoas com fome no mundo...




Mais um dia de 925 milhões de pessoas com fome no mundo, segundo a FAO, enquanto o pinífero ministro vai declarando, hoje, o contrário do que disse anteontem, e o tesouro norte-americano trata de injectar fundos e de emprestar "money" nas grandes companhias que ameaçam falir e que não se fundem com o rival da véspera. Que isto do capitalismo e da globalização tem as suas agruras e não apenas lojas dos trezentos. Até a Rússia demonstra que não há guerra fria nem regras antigas das sebentas de economia, neste bater de asas de uma dessas bebedeiras de Wall Street que põe o Kremlin em sobressaltos. E lá vem o tempo das vacas magras que costuma marcar as ressacas posteriores às euforias das sociedades de casino que não conseguem transformar as fichas da especulação em efectiva riqueza. Enquanto isto, os caçadores de fortunas tratam de mergulhar nas águas chocas deste pantanal, ao mesmo tempo que reabre o parlamento cá da parvónia, provisoriamente instalado na sala da câmara dos pares. Porque alguns deles são tão vitalícios e hereditários quanto os do defunto devorismo, o tal regime que fundou o Supremo Tribunal de Justiça, com o ministro proponente da instituição a nomear-se presidente da coisa, um pouco à imagem e semelhança de outro ministro da I República, muito ético, que, enquanto ministro das finanças, até criou uma faculdade de que se assumiu como professor e director, porque também então as vacas magras ameaçavam e o discurso da ética republicana era o do bem pregas frei tomás...