Depois de alguns meses de metafísica na Ribeira de Timor, entre a Ásia e a Oceania, lá vou voltando à rotina e ao ritmo biológico de novas horas de acordar e dormir. Regresso a um estar sem ser e confirmo como permanecem os fantasmas e preconceitos, em plena crise, mesmo que uns sejam autênticos e escorreitos e outros não passem de falsários e fundibulários que apenas atingem o clímax pelas técnicas da velha pirataria, a que alguns chamam défice ou claustrofobia. Não me fazem perder o sono e reforçam esta minha missão de uma escritura por ter de escrever, mesmo quando o escrever-me implique que desvende algumas das nebulosidades do dessassego da liberdade e da criação. Infelizmente, o tempo e o lugar não me dão esse espaço de asa chamado paz dos homens de boa vontade, quando apetece largar quem estou e voltar a sorver o próprio mistério da procura.
Não gosto da estreiteza murada dos quintais geridos e gerados pelo maquiavelismo do dividir para reinar, típicos da endogamia, a que faltam princípios, mesmo que os pequeninos, com a mania das grandezas, fiquem todos do tamanho de algumas quezílias politiqueiras, das pequenas vianganças, em diatribes sacristas. Os homens livres, que vivem como pensam e não temem ser carimbados como heréticos, ainda resistem. Agora não há fogueira, estrela amarela e maus tratos do polé, porque a mentalidade inquisitorial da persiganga se adoçou pela tecnocracia e pelo regulamentarismo, mas continuam alguns com a vontade da unidimensionalização pelo medo. Vou acordando e regressando. Depois das aulas da manhã e de um almoço com um companheiro da blogosfera, lá acabei de responder a um inquérito para um semanário sobre coisas que, também aqui, na terça-feira, divulgarei, e de comentar a Manuela Ferreira Leite para um jornal de amanhã e tenho daqui a bocado uma reunião com o mais alto hierarca da minha entidade pública e tenho de preparar papéis pouco metafísicos.
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