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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

8.1.09

Com um pedacinho de metafísica, olhando uma nesga da barra das partidas sem regresso....


Depois de alguns meses de metafísica na Ribeira de Timor, entre a Ásia e a Oceania, lá vou voltando à rotina e ao ritmo biológico de novas horas de acordar e dormir. Regresso a um estar sem ser e confirmo como permanecem os fantasmas e preconceitos, em plena crise, mesmo que uns sejam autênticos e escorreitos e outros não passem de falsários e fundibulários que apenas atingem o clímax pelas técnicas da velha pirataria, a que alguns chamam défice ou claustrofobia. Não me fazem perder o sono e reforçam esta minha missão de uma escritura por ter de escrever, mesmo quando o escrever-me implique que desvende algumas das nebulosidades do dessassego da liberdade e da criação. Infelizmente, o tempo e o lugar não me dão esse espaço de asa chamado paz dos homens de boa vontade, quando apetece largar quem estou e voltar a sorver o próprio mistério da procura.

Não gosto da estreiteza murada dos quintais geridos e gerados pelo maquiavelismo do dividir para reinar, típicos da endogamia, a que faltam princípios, mesmo que os pequeninos, com a mania das grandezas, fiquem todos do tamanho de algumas quezílias politiqueiras, das pequenas vianganças, em diatribes sacristas. Os homens livres, que vivem como pensam e não temem ser carimbados como heréticos, ainda resistem. Agora não há fogueira, estrela amarela e maus tratos do polé, porque a mentalidade inquisitorial da persiganga se adoçou pela tecnocracia e pelo regulamentarismo, mas continuam alguns com a vontade da unidimensionalização pelo medo. Vou acordando e regressando. Depois das aulas da manhã e de um almoço com um companheiro da blogosfera, lá acabei de responder a um inquérito para um semanário sobre coisas que, também aqui, na terça-feira, divulgarei, e de comentar a Manuela Ferreira Leite para um jornal de amanhã e tenho daqui a bocado uma reunião com o mais alto hierarca da minha entidade pública e tenho de preparar papéis pouco metafísicos.