a Sobre o tempo que passa: Apologia das coisas profetizadas II

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

4.11.09

Apologia das coisas profetizadas II


Hoje acrescento: a presença do crucifixo nas escolas é violação da liberdade religiosa, determina instância judicial europeia. Vaticano replica: sempre foi um sinal de oferta de amor de Deus e de união e acolhimento para toda a humanidade.
Vaticano tem razão quanto à cruz, talvez não quanto ao crucifixo. A cruz vem do Egipto antigo. É a árvore da vida no Génesis. É símbolo tão fundamental quanto o centro, o círculo e o quadrado. Aliás, totaliza-os a todos.
A cruz sempre foi um símbolo ascensional, como a árvore e a escada, pelos quais os homens podem ascender ao divino, nessa comunicação entre a terra e o céu, de cima para baixo e de baixo para cima.
A incultura simbólica leva a estas confusões eurojudiciarites. Espero, agora, que não se interditem as bandeiras nacionais com cruz, como quase todas as mais antigas, incluindo a das quinas. Até as doze estrelas da Europa são desse sincrético que tanto dá Zodíaco como o vitral da Virgem da catedral de Estrasburgo.
Espero que, depois deste juridicismo abstracto e pouco recomendável, o de certa europeização unidimensional, o Vaticano aceite mesmo a cruz: a totalização dos dois braços que coincidem com o centro, abrindo o centro para o exterior. Espiritualização precisa-se. Religião, também.