A cadeira que sustenta a queda do muro e a operação caos da Razão de Estado cristã
Aliás, entre esse tempo e o actual, aqueles jovens de extrema-esquerda dita maoísta, muito anti-social-fascismo, foram-se também reconvertendo, entre o neoliberalismo negocista, a social-democracia beata, ou laica, e o jornalismo pró-americano, uns saíram de assistentes de Georgetown para cadeiras ministeriais, e outros até voaram mais alto, com a ajuda da águia e ao serviço de outras garras.
Não faltaram ministros do fascismo que se adaptaram aos novos tempos, uns ministros outra vez, outros super-ministros sem cadeira, mas com muitos assentos episcopais prebendados pela gaveta do patrão. Daí que, para comemorar a queda, tenha ido ver Il Divo. Porque a coisa é um retrato prospectivo daquilo em que nos vamos tornar, mas agora com escutas que, antes de poderem ser destruídas, têm fugas ao segredo de justiça...
Não sejas alarmista! Tudo o que apareceu desescutado é o normal dos anormais entre políticos que bebem do fino. Se houvesse escutas das conversas de Soares com todos os políticos do país nas conversas que ele teve no Pátio das Damas caía mais do que o Carmo e a Trindade. Era um tsunami pior do que o de 1755...
Este pedaço de uma conversa que mantinha ao micro-ondas foi objecto de ruídos estranhos. Talvez porque a vizinha está em arrumos. Talvez porque amanhã é dia de exercícios da disciplina de Teoria da Conspiração, aqui pela malta da residência de estudantes da vizinhança.
Estes aqui são bem piores do que no tempo da outra senhora dentro desta...Devem ser espiões privados em autogestão, para ver se vendem a informação...
Sabes, preferi ver o Il Divo, com a estória do Andreotti. Por cá abundam os gajos do mesmo tipo de perfil, chama-se "razão de Estado cristã" e não tem nada a ver com essa do "opus dei". Preferem roubar o método às seitas e construir uma tribo privativa que vai mudando de membros, mantendo apenas o chefe, com a técnica clientelar da bajulação e do clientelismo do tacho e do penacho
Ninguém ouve, ninguém vê, ninguém diz. Mas todos podem ler, ouvir e escutar, mas como não sabem soletrar, preferem o comer e calar. E comem sempre da mesa do orçamento. Aliás, está tudo registado em livros de revolta e de memórias, mas como eles sobrevivem sempre, é mais avisado não os enfrentar...
Andreotti é como ainda é o Kissinger, é como foi o Talleyrand, e são esses que foram ministros que ensinam os actuais e próximos ministros à técnica da razão de Estado e do segredo de Estado. Nem sequer falam depois da prescrição. Porque o importante não é ser ministro, é tê-lo sido...
Pois, quem se lixa é o mexilhão do novo rico que veio das berças. Eles andam sempre a mudar de feitores dos ricos e dos corredores dos salões de estadão, onde eles sabem como poucos usar a técnica da sedução, explicando que os respectivos agentes é que abusaram do poder, mesmo quando mataram...
Ao menos, o Andreotti esteve sempre no mesmo partido e começou cedo. Os nossos vieram do outro lado e andam sempre ao sabor da corrente, preferindo nunca abrir a boca com escritos sobre as paixões que nos dividem internamente. Apenas falam das consequências da crise global e das alterações climatéricas...
Nisto, prefiro o Marocas. Não tem papas na língua sobre o tempo que vai passando. Marra de frente e nem quando erra vive da cobardia dos conceitos indeterminados da música celestial...
Vou fazer-te uma citação: "Há três categorias de fraude política: a ligeira, consistindo na desconfiança e na dissimulação, aconselhável a qualquer estadista; a média, incluindo a corrupção e o engano, apenas tolerável; e a grande, desde a perfídia à injustiça, considerada injustificável e absolutamente condenável".
O que estás a dizer é leitura directa de Justus Lispius, amigo!
Isso mesmo. A obra "Politicorum", de 1589, posta no Index pelo papa Sisto V, em 1590, depois da conversão do autor ao catolicismo, é revista no sentido católico, logo em 1596, tendo cerca de quarenta e cinco edições durante a vida do autor.
"La principal fuerza y honra no solo proceda del príncipe, sino que se esta cerca de el. Digo del principe, para que despache los mayores negocios el mismo, o al menos los ratifique y apruebe, firmándolos, por no enflaquecer el vigor del principado con remitirlo todo al Senado y consejos."
"No porque desprecie los consejos, pues los he persuadido con muchas veras, sino por desear que todo el mundo entienda que es el principe de quien dependen todos. El solo ha de ser juez y arbitro de las cosas por derecho y nombre de rey."
"Los reyes, que son senores de los negocios y tiempos, no sieguen los consejos, si bien tiran a si todas las cosas con ellos. Si algo se suelta de esto, el todo se pierde. Tal es la condicion del imperio, que no se puede mantener si no es remitido a un solo"
Muito bem, amigo, já me despertaste. Depois de ontem ouvir o Medina Carreira, no Plano Inclinado, fui logo à estante para reler a "Arte de Furtar". Telefono-te mais logo...
A razão de Estado é contravenção à lei ordinária, tendo em vista o benefício público, isto é, uma maior e mais universal razão (Ammirato, Scipione)
Quando se trata da salvação do Estado, é preciso uma virtude máscula que passa, algumas vezes, por cima das regras da prudência ordinária (Richelieu, Cardeal Duque)
"S.M. está tão persuadido, que a única atribuição que tem sobre os povos, é esta do poder da força, a que chamam outros a última razão do Estado, que nos manda jurar o projeto com um bloqueio à vista, fazendo-nos todas as hostilidades" (Frei Joaquim do Amor Divino e Caneca que acabou assassinado pelo terrorismo de Estado...)
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