A luta do Leviatã: ou o horizonte do nosso desprezo. De M. Teresa R. Bracinha
Em muita verdade, rejeitam o nacional como quem rejeita o que é ou o que foi o seu passado mais remoto ou mais recente, ou como dizia Groucho Marx , saindo do nada, cheguei à miséria, e desta se não dão conta do zero contributo em que teimam.
Confunde-nos que se chame mundo à existência parca e desintegrada onde os alicerces de madeira podre assentam arraiais. Confunde-nos o nanismo inchado de maldade grotesca e ávido de provocar sangue e sofrimento, qual desafio de dança bamba à lei da gravidade.
Para sermos francos, a ânsia destes reles primatas de má estirpe revela-se no rosto seco, não nutrido, de quem a cada hora luta por um mundo imóvel, já que nunca o entendeu em movimento, em mudança, em cor que traz em si o bem, visto este como a percepção de uma cura ecológica do aperfeiçoamento do próprio pensar.
Por incrível que possa parecer, existem escolas calóricas destinadas a estas criaturas que aceitam que as fábricas-escolas interpretem o princípio dos elos não comunicantes e os façam papaguear as ingestões das supostas mencionadas calorias.
Como dizia Almada Negreiros «a alegria é a coisa mais séria do mundo», mas como será possível que os entes que mencionámos a possam entender? Como?, se só sabem boiar do lado de lá do nascimento?
Em Maio de 68, Bob Dylan, referia-se à palavra confiscada e ao escândalo que representava essa situação face aos direitos dos homens. Hoje, ainda hoje, no sec. XXI, este confisco perpetua-se em metamorfoses sucessivas.
Cessou, na maioria, o poder de uma determinada originalidade de Maio, para utilizarmos a expressão de Edgar Morin, e ainda que Maio tenha significado mais do que o que realizou, recortemos na memória as palavras escritas nas paredes da Sorbonne… «Não tenho nada para dizer mas quero dizê-lo».
Diga-se, assim, que a supremacia da imaginação sobre a realidade tem rasgado os horizontes, mas reflicta-se a que preço se tenta mudar um sistema assente num domínio de underground, de onde se comandam vidas humanas e se direccionam as que nunca nasceram, mas que voluntárias aceitam, sem interregno, aplicar as regras do divórcio entre a existência e a consciência, entre a proliferação da cultura e a réplica do espectáculo do absurdo situacionista, sinónimo do congelamento do sentido da vida.
O espaço e o tempo encontram-se saturados. Ao ruidoso ruído que transtorna qualquer equilíbrio, dá-se folga.
O povo desta nação corre sérios riscos de se tornar mero público de um folhetim patético.
As desigualdades sociais clandestinam-se no receio de reivindicarem direitos.
Apesar da grave crise económica, esta não atinge a não-vida que acima referimos, antes, a mesma, se assume e sobressai numa autogestão pidesca transformada em vítima, quando necessário, qual ditador subitamente democratizado.
Mas há quem contrarie os propósitos. Valha-nos a paz da consciência como sempre nos recordou Ruy Belo, valha-nos recordar quando nos falta o mar.
18.11. 09
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