a Sobre o tempo que passa: Um pouco de metapolítica, chamando os bois pelos nomes

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

12.11.09

Um pouco de metapolítica, chamando os bois pelos nomes


Em Janeiro de 2008 escrevi aqui dez pequenos alertas sobre a corrupção: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10. Há bem mais anos que, no âmbito da minha perspectiva, tenho enfrentado a questão com o mínimo de pinças metodológicas. Não trago nada de novo, ainda estou na onda da nossa "Arte de Furtar" de 1652.


Só posso estar preocupado com certa instituição pública, quando a suprema cabeça do Estado diz estar preocupado com ela, e a sub-suprema cabeça da dita começa a pensar que a mesma deve ser, toda ela, repensada. Como se trata de um problema místico que envolve vacas sagradas e falsos esoterismos, é natural que tudo acabe em parangonas sensacionalistas sobre as fugas ao segredo de justiça...


Se há que denunciar o justicialismo, também as politiqueirices, parlamentar e ministerialíssima, me provocam alguma urticária. A estrutura lacónica que sucedeu ao malhador, ao repetir o registo antimaneleiro, bem pungente, do porta-voz do PS que o subsubajuda, quase parecia estar prestes a clamar contra as violações dos direitos humanos do respectivo chefe, ameaçando recorrer ao Tribunal Europeu.


O que se passou em Itália devia ser, aqui e agora, um adequado retrato prospectivo do que, entre nós, vai piorar se continuarmos anacronismos. De sucateiro em sucateiro, os incautos e incompetentes podem estar a ser coveiros do regime. Não percebem que, de tantos cadáveres adiados que vão fingindo enterrar, muitas raízes vão fazendo alastrar a putrefacção. Dizem todos os clássicos que esta doença só pode ser vencida pela tradicional regeneração. Depois da queda, o homem levanta-se.


Ainda ontem dizia numa rede social: Hoje, como todos os dias, quando eles são de viver cada dia como se fosse o último, é dia de nascer de novo, de regenerar, de olhar de frente o sol. Comecemos por abrir as janelas para deixar entrar o ar. Renascer pelos símbolos sempre foi velho conselho de há vinte e cinco séculos. Mesmo que não se resolvam os mistérios. Bom dia, sol que trazes o irmão sol do meu querido São Francisco!


PS: Agradeço à Manu Graça a invocação com que hoje encimo este postal. Eu chamo-lhe metafísica, coisa que devia ser bem elitista, a democratizar pela conversão de cada um, ao ir para cima e ir para dentro. Infelizmente, são mais multitudinárias as energias do ódio. Claro que me rio com esta notícia.