a Sobre o tempo que passa: PSD, ou quando os Vascos eram Santanas...

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

5.3.10

PSD, ou quando os Vascos eram Santanas...


Dizia Ortega que cada um é sempre seu "eu" mais suas "circunstâncias".... Depois do segundo debate PSD na SIC, apenas mais uns pés de barro, mostrando como o populismo pertence às modas que passam de moda, nomeadamente aos eventuais sucedâneos de Portas...

Um forense de quase rabo pelado, que é o Aguiar-Branco, revisto e actualizado pelas grandes sociedades pouco anónimas do sector, lá mostrou como Rangel ainda está preso ao emaranhado de um projecto de lente, à boa maneira daquela calista Coimbra ainda ilumina o Porto, mesmo o que não sotaque. E foi com ironia que o ex-ministro de Santana Lopes e o seu ex-secretário de estado vieram mostrar o jogo no estádio nacional de Carnaxide, ou de Oeiras, para citar Pinto da Costa. Resta saber se o "povo PSD" são os barões assinalados ou as massas blogosféricas que conjugam o verbo "belger"...

Populismo é, para argumento fraco, voz muito forte. E a direita a que chegámos, que pensa chegar ao poder por falta de comparência do adversário, continua a julgar que não é preciso semear uma vitória. Apenas se fia que os situacionismos não são derrotáveis, porque colapsam pelo apodrecimento...

Portas foi do PPD para Manuel Monteiro. Sócrates começou na JSD. Rangel veio do CDS para o PSD. Portas virou à direita e agora encostou-se ao centro. Sócrates é chefe de um governo de esquerda com temperamento de direita. Rangel não virou de lado. Está no mesmo sítio. Mas não se lembra. O grande federador da direita perdida já não tem ministro que o mande comer Maizena, o doutor Cavaco já não tem heterónimo de saias e os moinhos de vento já não se confundem com o Professor Vital...

A meia final é em Mafra, com inevitável discurso de Ministro dos Santos, um dos mais antigos autarcas dos laranjas em serviço, com direito a nome de estádio local, para memorial do convento e sem o eurodeputado Carlos Coelho a organizar no local qualquer universidade de verão. Sugiro aos congresseiros que não sigam pela auto-estrada. Passem pela terra de Beatriz Costa e releiam o "Quando os Vascos eram Santanas..." (não por causa do Pedro, mas do outro Vasco, o que subiu ao poder no dia em que foi fundado o CDS).