Barómetros e a matemática profunda das coisas
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Hoje, quase tudo ensandeceu. Desde o barómetro que quase convida à abstenção, a novas da coelha que sugerem a rejeição da urna. Duche escocês só aquece quem não se esqueceu do arrefecimento. E banho turco já satura. Para quem não quer ser sandeu.
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A geometria já existia antes da criação das coisas, eterna como o espírito de Deus, é o próprio Deus e foi ela que lhe deu os protótipos para a criação do mundo. (Johannes Kepler, Harmonices Mundi, 1619).
Os barómetros medem a onda do estado febril da sociedade. Não me acredito que a dita esquerda, mesmo desunida, tenha apenas vinte graus de temperatura. Que a soma do PS e do BE seja apenas quinze. Mesmo que o candidato por estes apoiado rejeite a inclusão dos que se identificam com a terceira força mais votada na Europa.
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As medições de opinião estão sempre certas, face aos instrumentos disponíveis. Mas o "lume da profecia" pode acertar mais que aquilo que os medidores decretam como "lume da razão".Há quem julgue que é a história que faz o homem, isto é, o processo dito histórico, escrito de forma revisionista, por agressões ideológicas. Para todos os que acreditam na liberdade, é o homem que faz a história. Mesmo sem saber que história vai fazendo, como avisava Tocqueville.
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"Quem não conhecer geometria não pode entrar em minha casa.". Platão (Lema da Academia)
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Depois do barómetro, apenas recordo o que escrevi e publiquei há dias: "Há candidatos que fingem que são estúpidos para que muitos estúpidos com ele se solidarizem em coitadinho. E há sempre os mesmos inteligentes da dita baixa que lhe potenciam o golpe, assentando a retórica no complexo de superioridade, assim nos estatelando por mais um lustro".
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"Grâce à l'association et au développement d'une suite d'éléments de base juxtaposables relativement simples comme le carré, le cercle, le triangle et leurs correspondants dans l'espace tels que le cube, la sphère, la pyramide, le cylindre et le cône, est l'art majeur grâce auquel, symboliquement, tout se crée et prend forme" (Jacques Loubatière, Du point à la quadrature du cercle. Traité de géométrie méditative, Dervy, 2009).
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"A língua da natureza está escrita em língua matemática. Se não se conhece esta língua, é impossível poder compreender-se uma só palavra" (Galileu, Il Saggiatore).
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Só que há "a matemática profunda em que assentam as coisas" (Fernando Pessoa). Se calhar aquilo que dizemos que disse Pitágoras já disse tudo para quem o quer ouvir
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