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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

11.3.11

No dia nacional das nacionalizações, abaixo o neoliberalismo ultraliberal, pelo socialismo social-democrata do mais do mesmo


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Hoje deveria comemorar-se o dia nacional de luta contra os conservadores e os neoliberais, em memória do 11 de Março de 1975, dos nacionalizados, nossos, com amplo apoio de PSD e PS, e que foi o melhor investimento das grandes famílias possidentes da antiga senhora, dado que nacionalizaram os respectivos prejuízos, de que foram ressarcidos com as mais amplas indemnizações pós-revolucionárias...




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A revolução das nacionalizações da banca e das seguradoras, que atingiram barbearias, floristas e até solitários asininos, tanto deram para o folclore do socialismo de consumo de certa geração agora aposentada, como para o posterior liberalismo a retalho dos donos de sempre deste poder instalado, o da nacionalização dos prejuízos, com privatização dos lucros.


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Desde o neofeudalismo do Estado Novo às nacionalizações ditas revolucionárias, onde os assessores dos grupos dominantes passaram a ministros dos elefantes brancos em que nos enredámos, ficámos com um capitalismo amoral e, nalguns segmentos completamente imoral, perdendo tanto a ética republicana das velhas companhias, como os próprios fundamentos da ética católica, protestante ou judaica. E continua o regabofe.


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Em vez do capitalismo das autonomias, ficou este modelo bancoburocrático e salazarento, cheio de clandestinos organismos de coordenação económica e de muitos cogumelos corporativos que se agarraram como lapas à subsidiocracia e à empregomania com que o cavaquismo nos traduziu em calão a integração europeia. Daí que todo o 11 de Março gere sempre a esquizofrenia da manife do 12 de Março.


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Como diria um ilustre presidente honorário e vigente de um actual grande partido, em duas frases que junto, em Portugal, o importante não é ser ministro, é tê-lo sido, porque, como não há vergonha, ainda se conjugam verbos e adjectivos que nos confirmam como manicómio em autogestão. Os nossos parceiros europeus, vendo-nos sempre em contraciclo, é assim que retratam nosso juizinho, como chéchés...


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Felizmente que as nossas vigilâncias secretas policiais estará atenta à manife de amanhã e vai coligindo os periscópios bem patentes nas redes sociais, onde há doces conúbios na fabricação de inimigos comuns, nesta engenharia caviar das revoluções enlatadas com que se deliciam os nostálgicos dos processos revolucionários ou reaccionários em fim de curso. Não consta que as claques dos grandes clubes da futebolítica tenham sido mobilizadas como bodes expiatórios para a quebra de lojas, nem que outros participantes da "saturday night fever". Não será desta que chegaremos ao nível de Atenas.