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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

21.10.04

Corruptos de todo o mundo, uni-vos



Corrupção, do lat. "corruptio", acção de romper pelo meio, de rasgar em partes iguais, de ir ao centro da coisa e desintegrá-la. De "corrumpere", tornar podre, decompor. Para Lord Acton "o poder tende a corromper e ´o poder absoluto corrompe absolutamente". O mesmo pessimismo leva-o a dizer que se devia "desconfiar do poder mais do que do vício" e que "a História não é uma teia trançada por mãos inocentes. Entre todas as causas que degradam e desmoralizam os homens, o poder é a mais constante e a mais activa"

Relatório anual da
Transparency International regista que no campeonato europeu do Índice de Percepção da Corrupção continuamos apenas à frente da Grécia e da Itália entre os quinze mais velhos da União Europeia. Isto é, estamos num honroso antepenúltimo lugar. Também se confirma que esses sinais se agravaram em Portugal, no último ano. O nosso país desceu dois lugares no IPC, relativamente a 2003.

Basta consultarmos uma qualquer
cartilha de combate à corrupção noutras paragens do mundo, para verificarmos como para os nosso poderes instalados tal processo continua a ser música celestial. Não consta que o PSD, o PP e o PS queiram estabelecer um pacto de regime para que libertemos desta vergonha. Não consta que o PCP e o BE tenham denunciado virilmente o sistema. Não consta que o Presidente da República esteja disponível para uma Presidência Aberta sobre esta Decadência Fechada.

A corrupção começa sempre pelo centro e visa a destruição total do ser. Diz-se de todo o processo de compra do poder, onde há sempre quem deseje obter parcelas do poder. Pelo roubo ou pelo furto.

Como se assinalava na nossa" Arte de Furtar": "os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, este sem temor nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam".