a Sobre o tempo que passa: Legitimismo e ordem religioso-militar

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

6.10.04

Legitimismo e ordem religioso-militar



Ei-lo, o bailarino, o operário, o ortodoxo, o necessário homem do terciário que um arqueológico grupo precisa para manter a respectiva coerência. Um grupo que talvez tenha razão no seu legitimismo.

Eles preferem ir ao fundo da coisa e manter o adequado estilo de ordem religioso-militar que talvez constitua o menos mal para quem foi feito à imagem e semelhança de heróis operários, de santas e beatos. Porque este objecto político é dificilmente comentarizável por profanos como eu, que sempre preferia que se fosse às Canárias buscar o Saramago ou ao comboio da história trazer de novo o Vasco Gonçalves.

Ninguém pode fazer regressar à casa-mãe os que dela se afastaram quando o mesmo grupo poderia transformar-se num partido democrático da esquerda, à maneira italiana.

Já não há Vital, nem Magalhães nem Pina Moura que regressem. Mal por mal, aguentemos a memória do Cunhal. Depois de tantas cisões e purgas, ninguém vai fazer em 2004 o que apenas podia ter sido lançado em 1989.

A ecologia lusitana exige que se respeite o passado. Eu respeito. Reconheço que Portugal precisa dos seus comunistas. Telúricos, profundos, presos ao chão profundo da utopia. Que resistam em nome da necessária ordem ecológica!