a Sobre o tempo que passa: Marcelo, de governanta a vítima

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

7.10.04

Marcelo, de governanta a vítima



Nesta manhã de sexta-feira fui acordado quase de madrugada para comentar na Antena 1 o caso Marcelo. E falei, falei, talvez uns dez a quinze minutos. Já não sei bem o que disse e nem sequer gravei a charla. A jornalista que me contactou e me transformou em especialista em liberdade de expressão, conheceu-me através da "Google". Apareci em directo no jornal das oito e já com cortes no jornal das nove.

Disse que a nossa liberdade é condicionada pelo poder económico e o poder político. Recordei que os dois mandões privados da nossa comunicação eram o Visconde da Anadia e o Visconde de Balsemão, os mesmos cujos ascendentes que já mandavam políticamente nos tempos do Principe Regente, nos primeiros anos do século XIX.

São eles que escolhem a direita e a esquerda que temos e os resultados chamam-se Paulo Portas, Pedro Santana Lopes e José Sócrates.

Disse que Marcelo também tinha sido escolhido por eles e que chegara a governanta do sistema. Mais acresecntei que o mesmo devia agora estar com uma barrigada de gozo perante o maior facto político que até hoje criou.

Se calhar falei em demasia, mas defendi a liberdade de expressão contra esta tentativa de lei das rolhas, à boa maneira cabralista....