Só pela diferença poderemos chegar ao universal

A bandeira que o Padre António Vieira escolheu para o Quinto Império


O pior defeito da política está em confundirmos os nomes com as coisas nomeadas. Porque os mesmos nomes podem cobrir realidades completamente diferentes, tanto em termos quantitativos como em termos qualitativos. Com efeito, um elefante não é uma formiga, um calhau não é um diamante e um europeísta não tem de ser um eurocrata ou um profissional de comentários sobre a integração europeia, eventualmente nomeado director-geral.

Lorsque l’Europe, aujourd’hui faite, voit se dissocier ceux qui disent « nous ne sommes pas d’accord avec le contenu et nous voulons autre chose », c’est ce moment historique de différenciation où il est possible en effet de dire non à un projet de l’Europe sans dire non à l’Europe que nous voyons s’épanouir sous nos yeux. C’est à cette Europe dont nous refusons le contenu qu’au contraire nous pouvons encore plus dire passionnément oui. C’est exactement ce qui s’est passé lors de l’édification longue, difficile, patiente, douloureuse de la République, lorsqu’à un moment, il était devenu possible de dire non à un projet de la République, sans être accusé de dire non à la République (Arnaud de Montebourg).

Dona Europa, depois de tratos de polé, em vias de ser raptada por gentes de maus costumes

Há uma cortina dogmática que oculta a realidade. Há diáfanos mantos de palavras científicas que disfarçam a nudez forte da verdade. Há uma linha recta absolutista, principesca, soberanista e unitarista, a que vai de Maquiavel e Hobbes a Napoleão e ao actual estatismo, que nunca admitiu a essência da política, isto é, a tensão entre o poder e a liberdade, entre a decisão e a participação, entre a unidade e a diversidade. Porque só a partir da diferença se pode atingir o universal.

Contudo, nada disto consegue vislumbrar-se neste país bipolar e bipolarizado que vive, ora com o útero na cabeça, ora com a agressividade machista de fundo salazariento. Entre o tudo e o seu nada, pode haver meio termo, onde não se caia nos extremos das bestas ou no irmão-inimigo dos bestiais. Assim, a discussão europeia, entre os euro-cépticos, os euro-calmos e os euro-tachados, onde ora somos agressivamente patriotas pela madrugada, ora moderadíssimos ao fim da tarde. Os dois directores da Amostra estão no governo, o inventor da Amostra que os inventou está na cadeia. E o espírito de Vale e Azevedo começa a pesar sobre a nossa política. Esperemos que não fiquemos condenados a ter de escolher um Vilarinho. Ou um Pinto da Costa.

Comment est-il possible dans une Constitution de sacraliser et de constitutionnaliser des choix politiques, des opinions politiques, des politiques elles-mêmes ? Cela est impensable ! C’est exactement comme si dans la Constitution de 1958 on avait constitutionnalisé le Code civil, le Code pénal, le Code de commerce, le Code de l’environnement, le Code du transport, le Code de la santé publique et qu’il eût fallu réunir l’unanimité du Sénat et de l’Assemblée nationale pour les modifier par le législateur issu des urnes. Que resterait-il au législateur qu’on voudrait qualifier de souverain ? Les miettes ? A quoi servirait donc l’alternance ? A quoi servirait donc l’expression populaire, électorale, la consultation, bref, l’orientation politique ? (Arnaud de Montebourg)

Fabius, um conhecido apoiante de Le Pen, comanda o não

Há um modelo estatista, onde um centro político domina e organiza a sociedade civil através de uma forte burocracia, uma imensa máquina administrativa que tende a dominar as periferias. É esse o defeito dos soberanismos e dos absolutismos, é com isso que muitos pretensos europeístas confundem o federalismo. Julgo que a Europa não pode ser colonizada por esse modelo de empire manqué, porque o todo não significa a fusão das partes que o compõem num ser único e unidimensional. Unidade não é unicidade. Tem de ser a presença no poder global dos elementos particulares, permanecendo estes distintos e reconhecíveis... é uma simbiose sem confusão e sem que despareçam as especificidades (Pierre Duclos). Porque, como já dizia Heráclito, o que se opõe coopera, e da luta de contrários deriva a mais bela harmonia.


Outro nonsiste Valls, o catalão

Lorsqu’un texte sacralise l’impossibilité de l’action politique, lorsqu’il organise l’impuissance publique, lorsqu’il place au sommet des valeurs le refus d’agir au motif que la politique -selon une certaine idéologie que nous combattons- serait dangereuse, que l’Etat est l’ennemi et qu’accepter l’idée qu’un nouvel Etat pourrait se construire, supranational, fédéral, européen qui puisse peser sur le destin de la population, ce serait un sacrilège, je dois vous dire que la mise en concurrence des conditions sociales, des salariés, de leur protection sociale, de leur niveau de salaires, de leur condition de travail qui tire aujourd’hui vers le bas l’ensemble de ceux qui au travail dans le monde se font compétition, permettant ainsi au capital et aux propriétaires de celui-ci d’augmenter la rentabilité de leur investissement, nous sommes en face, là, d’une impossibilité d’agir qui sera mortelle sur la survie de notre idéal et de nos valeurs (Arnaud de Montebourg).

O tal Montebourg
Entre nós, pouco dados ao pluralismo, continua a predominar uma rede de mandarins intelectuais que glosam, comentam, vulgaritarizam e propagandeiam esta visão estreita de construção do político, mesmo quando vestem o neo-dogmatismo, pretensamente antidogmático. Daí não repararem o que observou José Mateus: os mais destacados dirigentes do PS francês, com Laurent Fabius, Manuel Valls e A. Montebourg à cabeça, fazem campanha pelo "Não"...? Curioso, como a coisa aqui neste burgo periférico não tem sido notada...!