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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

11.12.04

Sanção moral, procura-se, viva ou a esmorecer! Recedido de A.A.



Confesso que o apregoar a ficção da igualdade de direitos dos cidadãos, submetida que está, nomeadamente ao campo de forças económicas, das seitas e das forças políticas omnipotentes de plexos de interesses farsantes mas, todos juntos em função do mesmo, já que afinal só a eles pertence o espaço e reverso do mesmo, faz-me pensar o que levará a torpeza do burgo a entender-se em si mesma como Dídio Juliano quando este comprou o Império.



É que, meus senhores para que se compre o Império, necessário é que todo ele esteja reduzido à condição de mercadoria e que eu saiba os tempos ainda não estão propícios na totalidade, ao menos, enquanto houver quem escreva no TEMPOQUEPASSA.

Ainda assim não são necessárias normas jurídicas, apelos a formalidades tontas ou necessárias a uma disciplina quando ninguém cumpre as regras do Jogo, ou outros poderes regulamentares e justiceiros, quando tão só é necessária a serena SANÇÃO MORAL já que esta sim, limita e condiciona por razões óbvias, que a organização de um qualquer ritual de escrutínio tenha lugar como fonte de uma hipotética verdade que dele surja.



A SANÇÃO MORAL é o que nos resta face a tão patéticas paródias de vitórias e de farsas de vencidos e vencedores já que para todos a moeda que circula, nas duas faces, a cara afeiçoa-se de tal modo à outra cara que já se intui e uma vez mais que a própria moeda de que falamos, nem contornos de logro pretende disfarçar..



Tudo é ficção cantada à laia de fado corrido em deprecação aduladora. É como se o lixo fosse a excelência do espírito.

E as gentes novamente de olhares surpresos, sofrem desesperadamente no próprio interior da sedução dos simulacros que meticulosamente lhes prepararam e preparam.



Como, pelos vistos, nada desta realidade está prevista, contida e punida e tipificada como crime no Código Penal que, todos muito respeitam, resta-nos a SANÇÃO MORAL, viva ou susceptível de aceitar um amparo para que não esmoreça de vez.

E é por ela que eu quero aguardar com todas as forças.

Sim, desejo que a ética e a moral, ambas eixo no peito de quem nunca recebeu lições manipuladas destas duas realidades, exerça a força que propulsiona o início da destruição destes monstros inusitados que comemoram antecipadamente, o termo da vida de qualquer ser, morte esta que lhes alimentará a sobrevivência e o titanismo da miséria na qual se empenham a impor.

Que frenesim profanador ao silêncio de quem agoniza!

Que a SANÇÃO MORAL lhes dê a resposta inesperada!

Que a liberdade interior rompa as ordálias e que quem saiba distinguir mentira e mundo, e se não sinta indefeso pela coragem deste saber distinguir.

Afinal a História do trigo e do joio veio de quem rompe na terra o suor do pão que lhe auspiciou todos os dias de amanhã, bem como todos os que por legado deixou a quem hoje e por essa razão se não silencia.

E todos doravante insubmissos!

A.O.